O filme nacional “Sequestro do Voo 375” — com estreia prevista para o próximo mês de dezembro — mostrará nas telonas um sequestro aéreo frustrado que ocorreu no Brasil no ano de 1988. O incidente entrou para a história da aviação do país e tem semelhanças com o famigerado 11 de setembro, quando ocorreu um ataque terrorista contra os edifícios do World Trade Center e do Pentágono, nos Estados Unidos, 13 anos depois.
Baseado em uma história real, o novo longa “Sequestro do Voo 375” conta a tentativa de um homem desempregado chamado Nonato — no filme, interpretado por Jorge Paz — de tomar o avião do voo nº 375 da Vasp (Viação Aérea São Paulo) e derrubá-lo em Brasília. Aliás, o alvo era especificamente o Palácio do Planalto.
Segundo a sinopse oficial, Nonato estava descontente com a situação política e econômica do país em 1988, em pleno governo do presidente José Sarney, e que acabava de voltar à democracia após 21 anos de ditadura militar.
Por isso, coube ao piloto Murilo (interpretado por Danilo Grangheia) literalmente lutar para que o avião, um Boeing 737-300, não fosse derrubado.
“Para evitar a tragédia, o piloto acaba sendo obrigado a executar manobras que jamais haviam sido tentadas com um avião daquele tamanho. Um filme de ação eletrizante, cheio de acontecimentos inacreditáveis – mesmo sendo uma história real”, diz a sinopse do Estúdio Escarlate.
O filme estreia no próximo dia 7 de dezembro nos cinemas. Confira o trailer:
História de cinema, mas foi real
Segundo o jornal britânico The Guardian, Raimundo Nonato Alves da Conceição escondia um revólver calibre 32 e munição na mochila durante o voo.
O avião partiu de Belo Horizonte para o Rio de Janeiro no dia 29 de setembro, transportando 98 passageiros, além de 7 tripulantes. O homem invadiu a cabine, matou o copiloto Salvador Evangelista e anunciou o plano. Por outro lado, o comandante Murilo teria se engasgado com o susto e empreendeu uma luta para manter o avião nos ares.
Inclusive, o momento foi pouco antes da chegada ao Rio de Janeiro. Contudo, o piloto decidiu fazer manobras como um giro de 360 graus em torno do eixo longitudinal do Boeing, seguido de um mergulho em espiral, de acordo com o jornal.
Em 2018, em entrevista ao Canal ASA no YouTube, o piloto comentou que estava sem combustível e decidiu arriscar as manobras — que não são recomendadas para o modelo que dirigia (veja o vídeo abaixo).
“Conforme ele foi dando os tiros, eu coloquei o código de sequestro no transponder. Eu já estava subindo. Eu saí com combustível de Confis para o Galeão alternando Guarulhos. Não era muito combustível. Subi até o teto do avião que era 370 pés, 37 mil pés, e reduzi um pouco a velocidade”, contou.
Em Brasília, por sua vez, as autoridades já tinham recebido a informação do sequestro. Fernando Murilo decidiu enganar Nonato colocando o avião em cima de uma nuvem.
“Eu estava completamente sem combustível, então pensei que, como vou morrer de qualquer maneira, vou tentar fazer algo para me salvar e salvar a todos”, disse.
Fernando Murilo morreu em 2020
O comandante, falecido há 3 anos, fez um pouso de emergência em Goiânia. Nonato foi baleado e levado ao hospital, morrendo três dias depois. Na época, a polêmica certidão de óbito do sequestrador indicou a causa da morte como infecção generalizada.
O diretor do filme, Marcus Baldini, disse ao The Guardian que os atores vomitaram ao refazer as cenas das manobras. Ele diz ainda que o filme é uma homenagem ao comandante Murilo.
“Como é que tivemos um episódio como esse – um 11 de setembro brasileiro – e ninguém sabe o que aconteceu? É surpreendente. É uma história impressionante – e penso que este tipo de curiosidade atrairá as pessoas aos cinemas”, disse ele.
De acordo com o diretor, a raiva diante da situação do país na época está personificado na trama do filme. “Foi uma das coisas que me ajudou a entender a mentalidade dos personagens… esse sentimento de esperança e abandono”, disse.
“O Sequestro do Voo 375” tem direção de Marcus Baldini e roteiro de Lusa Silvestre e Mikael de Albuquerque.