Sheryl Sandberg, diretora do Facebook, ordenou pesquisa sobre George Soros após críticas à rede social, diz jornal
A diretora de operações do Facebook, Sheryl Sandberg, estava diretamente envolvida na decisão da empresa de pesquisar informações sobre o bilionário filantropo e crítico do Facebook, George Soros, informou o New York Times na quinta-feira.
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Citando pessoas familiarizadas com o assunto que pediram anonimato para evitar retaliações, o Times informou que Sandberg solicitou especificamente informações sobre os interesses financeiros de Soros. O pedido se deu após as críticas do investidor à rede social durante o Fórum Econômico Mundial em janeiro, quando ele se referiu ao Facebook como uma “ameaça”. Diz o Times:
Sandberg, diretora de operações do Facebook, pediu as informações em um e-mail enviado em janeiro ao executivo sênior de políticas e comunicações. O e-mail veio dias depois de um discurso inflamado que Soros fez no Fórum Econômico Mundial, acusando o Facebook e o Google como uma “ameaça” à sociedade e pedindo que as empresas fossem regulamentadas.
Sandberg, que estava no fórum — mas não estava presente no discurso de Soros, de acordo com uma pessoa que compareceu — disse aos subordinados para examinar por que Soros havia criticado as empresas de tecnologia e se ele poderia ganhar financeiramente com os ataques. Na época, o Facebook estava sob crescente escrutínio pelo papel que sua plataforma desempenhara na divulgação da propaganda russa e no fomento de campanhas de ódio em Mianmar e em outros países.
O BuzzFeed News informou na quinta-feira que esse e-mail de Sandberg também foi mencionado para a reportagem. Um porta-voz do Facebook confirmou ao BuzzFeed News que a empresa “pesquisou potenciais motivações” de Soros após seus comentários em janeiro, mas não chegou a admitir que realizaria qualquer tipo de ataque subsequente ao bilionário.
“O Sr. Soros é um investidor proeminente, e analisamos seus investimentos e atividades relacionadas ao Facebook”, disse um porta-voz da empresa. “Essa pesquisa já estava em andamento quando Sheryl enviou um e-mail perguntando se o Sr. Soros havia vendido as ações do Facebook.”
Após a publicação da matéria do New York Times sobre a decisão da empresa de contratar a empresa de pesquisa política Definers em 2017 para conduzir investigações de oposição sobre seus críticos, Sandberg inicialmente negou ter qualquer conhecimento sobre a contratação. Mas, na semana passada, em um memorando convenientemente programado para a noite anterior ao Dia de Ação de Graças, Sandberg alegou que as informações sobre a empresa podiam estar contidas em materiais que “passaram por sua mesa”.
No memorando da semana passada, o bode expiatório da empresa — o diretor de comunicações e política do Facebook, Elliot Schrage — assumiu a culpa pela contratação da Definers, bem como pelas consequências das revelações feitas na matéria publicada pelo Times.
“A responsabilidade por essas decisões é da liderança da equipe de comunicações. Sou eu”, ele disse. “Mark [Zuckerberg] e Sheryl confiaram em mim para gerenciar isso sem controvérsia.”
Mas novas reportagens novamente questionam as motivações e o envolvimento do segundo nome na chefia do Facebook. Aparentemente, mais informações parecem sugerir que os chefes da empresa, que haviam negado qualquer conhecimento dos ataques do Facebook a seus críticos, podem saber mais do que eles estão deixando transparecer.