Buscando pôr fim à greve dos roteiristas, os principais estúdios de Hollywood revelaram na noite de terça-feira (22) detalhes de uma proposta que inclui um reajuste salarial e proteções contra o uso de Inteligência Artificial (IA) — as duas principais reivindicações da classe.
A Aliança de Produtores de Cinema e Televisão (AMPTP) apresentou a proposta ao Sindicato de Roteiristas dos Estados Unidos (WGA) no dia 11. Essa é a tentativa mais recente de acordo para encerrar a greve que conta com mais de 10 mil roteiristas.
A proposta sugere um aumento salarial de 5% no primeiro ano de contrato, 4% no segundo e 3,5% no terceiro, totalizando 13%. Antes do início da greve, os estúdios haviam proposto um aumento de 9% ao longo de três anos.
Contudo, o novo acordo não atende completamente às expectativas do sindicato, que demanda aumentos anuais de 6%, 5% e 5%. Ainda assim, a proposta aumenta o salário semanal de US$ 9.888 para US$ 11.317, mantendo-se por até nove semanas, mesmo se a produção for interrompida.
Uma novidade da proposta é que os estúdios, agora, ajustaram os valores relacionados a lucros de reprises, vendas de DVDs, serviços de streaming e IA generativa. O valor subiu de US$ 72 mil para US$ 87 mil por episódio no período de três anos.
Mudança nos estúdios após três meses de greve
Após três meses de paralisação, parece que os estúdios cederam à demanda do sindicato por um modelo de compensação atrelado à audiência dos streamings.
“Agora, o sindicato terá acesso às informações bimestrais, incluindo o total de horas consumidas em plataformas de vídeo on demand. Isso ampliará a transparência e permitirá ao WGA formular novas estratégias para as compensações de streaming”, informou a AMPTP.
Antes, os estúdios, principalmente os de TV, haviam recusado tal proposta e não apresentaram uma contrapartida.
É importante destacar que a AMPTP reúne gigantes do cinema como Disney, Warner, Paramount, Universal e Sony, bem como grandes emissoras dos EUA e streamings como Netflix e Amazon Prime Video.
Assim, os estúdios sentem o impacto da greve nas decisões em adiar lançamentos de blockbusters e na programação das emissoras, que correm o risco de exibir muitas reprises e realities shows.
Proteções contra a IA
A proposta também detalha proteções contra o uso de IA generativa em produções de Hollywood. Os estúdios argumentam que a IA, por não ser humana, não se qualifica como roteirista. Portanto, qualquer material de IA generativa não será reconhecido como literário.
Além disso, os estúdios garantiram que os direitos e compensações dos roteiristas não serão prejudicados pelo uso de material gerado por IA.
No entanto, conforme informado pelo sindicato, antes da greve, os estúdios haviam rejeitado esta cláusula e sugerido “encontros anuais para debater avanços tecnológicos”.
Divulgação da proposta irrita sindicato
De acordo com um comunicado do comitê de negociações do sindicato de roteiristas, antes dos estúdios de Hollywood divulgarem a proposta para encerrar a greve, os dois lados tiveram uma reunião.
Esse encontro contou com a presença dos CEOs da Warner e da Disney, David Zaslav e Bob Iger, respectivamente, e líderes do sindicato de roteiristas.
Além de recusarem a oferta, a divulgação da proposta para encerrar a greve irritou o sindicato dos roteiristas. O WGA afirmou que a intenção dos grandes estúdios de Hollywood é causar divergências entre os roteiristas membros do sindicato.
“Durante a nossa reunião com os CEOs, ficamos explicando por duas horas que a linguagem da oferta dos estúdios era uma versão de dar com uma mão e tirar com a outra”, disse o sindicato dos roteiristas, na quarta-feira (23).