A crise hídrica que afeta São Paulo e já começa a chegar em outros estados do sudeste está superando até os piores cenários projetados. O dado mais recente dá conta que, em 2014, entraram apenas 75,2 bilhões de litros d’água no sistema Cantareira. Pode parecer muito, mas são 151,1 bilhões de litros a menos do que a Sabesp esperava, na pior possibilidade considerada pela companhia num documento enviado à Agência Nacional das Águas (ANA) em outubro do ano passado
A projeção da empresa de abastecimento tinha como referência o ano de 1953, o mais seco do reservatório antes da atual estiagem — na ocasião, foi registrada a entrada de 226,3 bilhões de litros. E, mesmo nesse cenário, haveria déficit de 50,3 bilhões de litros em abril.
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Ficar abaixo do pior cenário possível é mais um dado alarmante sobre a situação da água em São Paulo. As chuvas de janeiro estão abaixo da média. Só em janeiro, o sistema Cantareira já registrou 14 quedas consecutivas — a sequência foi interrompida hoje, quando o nível do reservatório ficou estável em 5,1% da capacidade. Além disso, uma reportagem do Estadão mostra que, em um ano, o nível dos reservatórios de água da Grande São Paulo caiu 74%, indo de 1 trilhão de litros a 267,8 bilhões.
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A matéria ainda diz que, no atual ritmo, a água deve se esgotar daqui a 206 dias. Semana passada, o presidente da Sabesp, Jerson Kelman, admitiu a possibilidade do sistema Cantareira secar já em março. O governo estadual aposta na água da represa Billings para combater a crise e deve ampliar a transferência da água dela para a Guarapiranga. Também se cogita usar o terceiro volume morto do sistema Cantareira. Esperamos que seja suficiente, já que a seca parece estar disposta a surpreender até mesmo os mais pessimistas. [Estadão]
Imagem: Mídia Ninja via Flickr