Está mais do que na hora das smartbands serem mais do que simples pulseiras fitness
Serei a primeira a dizer que nem tudo precisa ser um smartwatch. Na verdade, estou aliviada que, conforme os smartwatches se tornam mais acessíveis, as fabricantes de dispositivos vestíveis não se esqueceram completamente de opções ainda mais baratas para aqueles de nós que querem um gadget dessa categoria sem zerar nossa conta bancária. O que não consigo suportar é que esses aparelhos continuam sendo alternativas completamente chatas.
Um exemplo: nesta quarta-feira (2), durante a IFA 2020, a Samsung anunciou o Galaxy Fit 2, uma versão atualizada da pulseira inteligente da marca sul-coreana. Ele faz tudo o que você espera de uma smartband: detecta automaticamente cinco exercícios e monitora as calorias queimadas, a frequência cardíaca, a distância e até fornece um relatório de sono com uma pontuação personalizada. A companhia diz que o design não absorve tanto a transpiração e que existem mais de 70 mostradores para escolher na tela AMOLED de 1,1 polegadas. A bateria dura 15 dias – ou 21, se você alternar para um modo de economia de energia. Não foram divulgados preço e disponibilidade, mas eu ficaria surpreso se o acessório custasse mais de US$ 100.
Três anos atrás, eu poderia estar animada com o Galaxy Fit 2. Agora, não posso deixar de olhar e ter a sensação que aqui temos uma smartband unicamente para manter a Samsung viva nesse segmento do mercado de dispositivos vestíveis.
Entendo que muitas pessoas querem apenas o básico. Mas hoje em dia, as principais inovações no segmento de pulseiras de fitness parecem ser os preços menores e maior duração da bateria. Veja a recém-atualizada Fitbit Inspire 2: a principal característica é a bateria com promessa de durar 10 dias. É basicamente isso. Wearables mais simples não precisam ser sinônimos de falta de criatividade. Mesmo com um hardware relativamente básico, há muito para inovar em termos de software, design e formato.
Outro exemplo: os designs. Achei ruim que vários smartwatches imitaram a aparência do Apple Watch, e as smartbands não fogem muito desse padrão com telas mais compridas e pulseiras de silicone. Nem todos os aparelhos com monitoramento de saúde precisam estar em volta do seu pulso – algumas empresas, como Bellabeat e Ringly, tentaram formas diferentes, como colares, anéis e até broches. Embora a Ringly não esteja mais no jogo, foi legal que, além do rastreamento de atividades, você tenha um wearable chique que também era capaz de entregar notificações. Os acessórios da Bellabeat também são notáveis por estarem entre os primeiros a incluir acompanhamento do ciclo de menstruação para as mulheres. O principal problema com dispositivos mais modernos é que eles não são super precisos, e na maioria das vezes acabam custando mais caro.
Dito isso, a tecnologia vestível vem ficando mais avançada nos últimos anos. Então, você quer mesmo me convencer que empresas como Fitbit, Samsung, Xiaomi e outras com orçamento milionário não são capazes de adaptar seus wearables a designs tão repetitivos? Você compraria um produto mais acessível sabendo que suas únicas opções de personalização são uma dúzia de pulseiras de silicone coloridas?
O Galaxy Fit 2. Imagem: Samsung
Anéis inteligentes mais simples seriam um ótimo começo. Assim como nem todo mundo quer um smartwatch, imagino que nem todo mundo precisa ou quer um monitor de saúde nesse tipo de aparelho. Depois de algumas semanas usando o Oura Ring, também me lembrei de como os anéis são muito mais confortáveis do que pulseiras, principalmente no uso 24 horas por dia, 7 dias por semana. O Oura Ring – e outros anéis que experimentei, como o agora extinto Motiv Ring – também podia monitorar ritmo cardíaco e sono. Eles não são os mais precisos, mas de novo: em meus testes, muitos rastreadores de condicionamento físico mais simples que vão em volta do pulso também não possuem tanta precisão assim. O preço dos anéis inteligentes não é tão atraente, mas sem mais concorrência e inovação nessa frente, como poderia ser diferente?
Outro problema é que, conforme os smartwatches se tornam mais acessíveis, menos são os motivos para comprar uma pulseira ou dispositivo com menos recursos. Os relógios Amazfit da Huami podem não vir com o melhor aplicativo de rastreamento, mas também é difícil argumentar com sua bateria extremamente longa e preços abaixo de US$ 100.
Eu sou a favor de smartbands acessíveis, mas as empresas não podem continuar colocando mais bateria nesses aparelhos sem oferecer algo verdadeiramente mais valoroso, principalmente algo que reforce o design e a qualidade de construção.. Senão, tudo continuará sendo um grande desperdício.