A RED, fabricante de câmeras de altíssima qualidade que provavelmente custam mais que seu carro, tem trabalhado em um telefone igualmente ambicioso com algumas das tecnologias mais legais que uma empresa já tentou colocar em um celular. Nesta quinta-feira (7), o CEO da empresa, Jim Jannard, foi aos fóruns de câmera da RED para dar mais detalhes do display holográfico digno de ficção científica, anunciando também uma parceria com a Leia Inc., a “fornecedora líder em soluções de telas holográficas de campo de luz para celulares”.
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Chamado de Hydrogen Phone, o dispositivo da RED, que custará US$ 1.195 (R$ 3.695 na cotação atual), apresenta recursos impressionantes, como corpo de Kevlar, câmera traseira dupla, laterais em titânio opcionais (por mais US$ 400) e um sistema de complemento aparentemente complicado que, de alguma maneira, deverá permitir que o telefone interaja com a câmera de qualidade de cinema da RED. Mas mesmo com tudo isso, tem um aspecto sobre o Hydrogen Phone que não parece ser mais do que um truque: sua tela holográfica.
De acordo com o comunicado de imprensa, a RED juntou forças com a Leia Inc., uma ramificação da Hewlett-Packard Labs, por causa dos “recentes avanços [da empresa] em design e fabricação nanofotônicos para oferecer uma solução de tela ‘holográfica’ de campo de luz para dispositivos móveis”. Essas são palavras chiques que, em suma, significam que um celular desenvolvida pela Leia poderia incluir imagens holográficas vagamente bonitas. A tela também seria de LCDs em multi-camadas, em combinação com retroiluminação direcional, para produzir uma imagem que salta da tela, não inteiramente diferente do pedido de socorro da Princesa Organa em uma galáxia muito, muito distante.
Isso parece bem legal, mas sejamos realistas. Já vimos exemplos da tecnologia de tela da Leia Inc. anteriormente. Dois anos atrás, o Wall Street Journal pôs as mãos na tecnologia em Barcelona. Tem até um vídeo.
Julgando a partir da tecnologia que a Leia tinha à mostra, parece provável que a holografia vai apenas projetar algumas coisinhas para fora da tela, parecidas com o efeito 3D estereoscópico que você consegue com o Nintendo 3DS.
Ainda assim, a essa altura, não sabemos de fato, porque, apesar de todo o barulho e hype que veio com esse telefone holográfico, ninguém, exceto algumas celebridades do cinema e do YouTube, viu o aparelho em ação.
Cerca de um mês atrás, o popular youtuber MKBHD postou um vídeo mostrando sua reação enquanto checava uma versão inicial do Hydrogen Phone com um protótipo de tela holográfica. Ele afirmou que o dispositivo o deixou “sem palavras”. E, baseado em um post de Facebook recente do presidente da RED, Jared Land, parece que o diretor David Fincher e o ator Brad Pitt ficaram bastante impressionados também.
Mas o resto do mundo ainda não viu nada, e, em algum momento, a RED terá que mostrar seu aparelho ou ficar quieta. A RED não apenas precisa executar a tecnologia que até agora iludiu tantas empresas, como também tem que convencer as pessoas de que telas holográficas (em um celular de US$ 1.200!) são algo que nós realmente queremos.
Qual foi a última vez em que você viu um filme em 3D? Agora olhe para os dispositivos móveis, onde só tem um dispositivo 3D disponível de verdade: o Nintendo 3DS. Eu, como muitos outros donos de 3DS, testei os efeitos em 3D no console. Então, desliguei o recurso e nunca mais liguei novamente. Isso porque, por mais interessante que seja, o 3D não é algo que você quer usar o tempo todo (essa é uma das razões pelas quais a Nintendo lançou o New Nintendo 2DS XL há alguns meses). E isso sem levar em consideração que, para criar conteúdo holográfico em 3D para o telefone da RED, você precisará ou converter vídeos 3D já existentes para o formato .4v da RED ou capturar imagens usando uma configuração complicada de quatro câmeras que a RED nem finalizou ainda.
Agora pense no estado dos smartphones como um todo. A inovação está se tornando mais iterativa, e mesmo grandes nomes como Samsung e Apple estão tendo problemas com tecnologias como leitores de impressão digital que são integrados à tela. Então, embora eu aprecie que a RED esteja tentando atrair bastante atenção, não nos esqueçamos do que aconteceu recentemente quando o hype em cima de outro novo produto “disruptivo” saiu de controle, com o Essential Phone. Esse celular não é muito bom e ainda está tendo dificuldades para vender.
Por enquanto, vamos dizer que estamos cautelosamente otimistas, afinal, a RED surgiu do nada e criou algumas das melhores câmeras profissionais do mercado. Mas eu não ficaria surpreso se, no fim, o Hydrogen Phone virasse um dispositivo melhor quando está com seu display holográfico desligado.
Imagem do topo: Leia Inc.