Quem acompanha notícias sobre tecnologia deve estar familiarizado com o nome de Masayoshi Son, CEO do SoftBank. Talvez você até se pergunte se ele está bem, depois de tantos investimentos fracassados, como o do WeWork. De acordo com o Wall Street Journal, a resposta é provavelmente não.
Desde 2016, o Vision Fund de US$ 100 bilhões da SoftBank injetou quantias colossais de dinheiro em start-ups de tecnologia como WeWork, Uber, DoorDash, Slack e até mesmo uma chamada Zume, que faz robôs para montar pizza (veja uma lista em constante atualização aqui).
O ponto em comum entre muitas dessas empresas, observou o New York Times, é que elas coletam nossos dados. Não é uma aposta ruim, financeiramente, mas em muitos casos os aportes ignoraram questões mais tangíveis, como o real interesse dos consumidores por esses serviços e o fato de alguns dos CEOs não serem lá muito confiáveis, para dizer o mínimo.
Agora, fontes disseram ao Journal que o SoftBank pode receber aportes que cheguem a apenas metade da meta prevista de US$ 108 bilhões para o Vision Fund II. Além disso, espera-se que boa parte venha do próprio SoftBank e não de investidores externos. O conto dos bastidores é puro folclore do Vale do Silício: arrogância, fracasso, brigas internas, cortes.
“O fundo foi administrado de forma diferente de qualquer outro com esse tamanho”, relata o Journal. “As decisões de investimento de bilhões de dólares foram tomadas em minutos e não por comitês após meses de pesquisa. O fundo foi cercado por brigas por território e descrito por um consultor externo como ‘caótico’ e ‘orientado por personalidade’.”
Isso significa, em outras palavras, investidor apressado jogando dinheiro em qualquer coisa. Em 2017, por exemplo, o New York Times informou que Son investiu US$ 164 milhões na Mapbox sem sequer ouvir uma apresentação da empresa.
O Journal descreve Son como um homem que “se considera um visionário da tecnologia”. Esse também é o código para um homem que declarou que, em 2047, a população de “robôs inteligentes” será igual à da população humana.
O artigo relata que “vários executivos seniores” foram embora; demissões podem vir; os principais investidores estão exigindo mais controle sobre como seu dinheiro é gasto — ou seja, que isso venha dos lucros do primeiro fundo, que supostamente foi de US$ 10 bilhões.
O Financial Times relata que as ações da SoftBank foram impulsionadas na sexta-feira (7) pelas notícias de que um fundo americano aparentemente mais moderado, a Elliott Management, estaria considerando investir no Vision Fund II. Mas mesmo isso poderia se tornar um problema caso, digamos, a Elliott Management começasse a exigir “mais transparência” e “mudanças na governança”.
Mas o que é o ano ruim para um homem com um plano de 300 anos e uma fortuna estimada em US$ 21,6 bilhões?
Deixando de lado um pouco a postura de Son, isso tudo é péssimo para os trabalhadores que apostaram em empresas cujo patrimônio foi inflado pelo pensamento sonhador que não se preocupa em cuidar das pessoas que geram lucros do SoftBank. O Journal relata que, em meio ao caos, o SoftBank jogou a responsabilidade nas empresas que receberam investimentos:
O SoftBank começou a pressionar as empresas de seu portfólio para reduzir custos e obter lucros rapidamente. Recentemente, várias empresas do portfólio do Vision Fund demitiram funcionários para limitar as perdas, incluindo WeWork, a hoteleira Oyo, Uber, Rappi e a empresa de leasing de carros Fair.
Mesmo assim, Masayoshi Son deve estar bem, por mais que ele aparente estar andando por aí meio cabisbaixo.