Fusão nuclear: “sol artificial” dos EUA faz história ao gerar energia pela 1ª vez

Experimento representa grande avanço para o domínio da tecnologia - que, se provar escalável, pode revolucionar produção de energia limpa
“Sol artificial” dos EUA faz história ao gerar energia pela 1ª vez
Imagem: LLNL/Divulgação

Nesta terça-feira (13), o Departamento de Energia dos EUA anunciou que conduziu com sucesso o primeiro experimento de fusão nuclear da história a gerar mais energia do que a consumida pelo próprio sistema. A novidade é considerada um grande avanço na produção de energia limpa.

Ao contrário das usinas nucleares, que funcionam por fissão nuclear – que envolve quebrar átomos pesados para gerar energia –, a fusão nuclear consiste em unir átomos leves, com uma pequena porção da massa deles sendo convertida em energia pura.

Este mesmo processo é o que acontece no interior do Sol e de outras estrelas, com a vantagem de não gerar materiais radioativos. Porém, criar um “Sol artificial” aqui na Terra ainda enfrenta alguns desafios tecnológicos e de engenharia, pois é necessário aquecer o material a altíssimas temperaturas, bem como conseguir manter a reação em um nível estável por um longo período.

A fusão nuclear é estudada há mais de 100 anos e é hoje uma das principais candidatas a fontes de energia limpa no futuro, podendo combater as mudanças climáticas e tornar as atuais usinas nucleares coisa do passado.

Até então, outros reatores pelo mundo vinham quebrando recordes de geração de energia por alguns segundos, mas ainda não tinha conseguido superar a quantidade de energia utilizada para iniciar a ignição da fusão nuclear.

Câmara do LLNL, nos EUA, onde 192 feixes de laser forneceram mais de 2 milhões de joules de energia ultravioleta a um minúsculo recipiente com combustível para criar ignição por fusão

Câmara do LLNL, onde 192 feixes de laser forneceram mais de 2 milhões de joules de energia a um minúsculo recipiente com combustível para criar a ignição por fusão. Imagem: LLNL/Divulgação

Como cientistas dos EUA conseguiram o feito?

O novo experimento foi realizado no último dia 5 de dezembro, nas instalações do Laboratório Nacional Lawrence Livermore (LLNL), localizado na Califórnia, nos EUA. O experimento forneceu 2,05 megajoules (unidade de energia) ao reator, resultando em uma energia de saída de 3,15 megajoules.

O projeto americano começou na década de 1960, quando cientistas do LLNL levantaram a hipótese que seria possível usar raios laser para induzir uma fusão nuclear em laboratório. A pesquisa envolveu criar uma série de sistemas de laser cada vez mais poderosos, levando à criação do NIF (National Ignition Facility), o maior e mais energético laser do mundo.

Para criar a ignição por fusão, a energia do laser é convertida em raios X dentro de um pequeno recipiente, que então comprime uma cápsula de combustível até implodir, criando um plasma de alta temperatura e pressão, para que a energia seja gerada.

De acordo com os pesquisadores, o experimento é histórico por atingir de forma inédita o equilíbrio de energia cinética. Isso significa que ele produziu mais energia a partir da fusão do que a energia usada no laser usado para sua ignição.

Porém, o departamento ressalta que ainda são necessários muitos desenvolvimentos em ciência e tecnologia, antes que a fusão nuclear possa abastecer residências.

Hemerson Brandão

Hemerson Brandão

Hemerson é editor e repórter, escrevendo sobre espaço, tecnologia e, às vezes, sobre outros temas da cultura nerd. Grande entusiasta da astronomia, também é interessado em exploração espacial e fã de Star Trek.

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