Astrônomos acabam de divulgar a primeira foto do interior de uma cratera sombreada do Polo Sul da Lua, captada pela sonda sul-coreana Danuri. A missão tem como objetivo procurar depósitos de gelo de água e outros recursos para abastecer futuras bases humanas na superfície lunar, durante o programa Artemis.
As imagens foram feitas com a ShadowCam, uma câmera desenvolvida e financiada pela NASA, e que foi instalada na sonda construída pela Coreia do Sul. A Danuri – inicialmente chamada Korean Pathfinder Lunar Orbiter (KPLO) – foi lançada em agosto de 2022, pelo foguete Falcon 9, da SpaceX, e, desde dezembro, está em órbita da Lua.
Essa câmera da NASA conta com sensores que possuem alta sensibilidade à luz, para que seja possível fotografar o interior de crateras que estão permanentemente sombreadas – ou seja, em total escuridão. Como essas crateras estão em regiões que nunca recebem a luz direta do Sol, elas são as melhores candidatas para se encontrar gelo preservado na superfície lunar.
A foto divulgada é da cratera de impacto Shacketon, nomeada em homenagem ao navegador irlandês Ernest Shackleton – famoso por suas expedições à Antártida, no início do século 20. A imagem mostra o fundo da cratera (em cinza mais escuro), além da sua borda íngreme (na parte de cima da foto e com um tom cinza mais claro).
Como o sensor da câmera é sensível, os cientistas não fotografaram a cratera na sua totalidade, pois a imagem poderia ficar saturada caso capturasse uma parte do terreno fora da cratera e diretamente iluminado pela luz do Sol.
Um detalhe que chama a atenção na foto é um rastro sinuoso na borda da cratera (indicado por uma seta branca, como visto abaixo). Segundo os cientistas, ele não é resultado de água corrente, sendo apenas uma trilha deixada por uma rocha de cerca de 5 metros de diâmetro que rolou pela parede inclinada até atingir o fundo da cratera. Essas trilhas já foram encontradas em outras regiões da Lua.
A foto da cratera de Shacketon foi apenas um teste da câmera. De acordo com os pesquisadores, a cratera é relativamente pequena e apresenta temperaturas que sobem além do ponto de estabilidade do gelo, não sendo assim um bom lugar para encontrar água.
A NASA, a Universidade do Arizona, nos EUA, e o Instituto Coreano de Pesquisa Aeroespacial (KARI) pretendem ao longo da missão fotografar todas as regiões lunares permanentemente sombreadas com uma resolução de até dois metros por pixel. A ideia é procurar sinais de geada ou gelo, bem como qualquer alteração no fundo das crateras ao longo do tempo ou após mudanças de estação.
Além da ShadowCam, a Danuri carrega outras câmeras, sensores, magnetômetros e espectrômetros – desenvolvidos por universidades e organizações de pesquisa sul-coreanas –, com o objetivo de estudar vários recursos da Lua, como silício, alumínio, hélio-3, urânio, além da água. A missão custou US$ 200 milhões e terá uma duração de cerca de cinco meses.