Um remédio de ação rápida aplicado como spray nasal pode, um dia, permitir que pacientes com taquicardia completem seu tratamento em casa, com eficácia e segurança. O estudo que pesquisou o medicamento foi publicado recentemente na revista Journal of the American Heart Association.
Entenda o contexto
No Brasil, cerca de 40 milhões de pessoas têm algum tipo de arritmia cardíaca. A taquicardia é uma das formas de arritmia, que acontece quando a frequência cardíaca está superior a 100 batimentos por minuto.
Em geral, há dois tratamentos comuns para um quadro de taquicardia. O primeiro consiste em fazer manobras vagais, ou seja, movimentos de expiração com força, para estimular o nervo vago. O próprio paciente deve realizá-las.
Como resultado, o nervo vago reduz a condução de impulsos nervosos para o coração, o que tende a diminuir a frequência cardíaca em cerca de 20% a 40% das vezes. Caso não dê certo, o paciente deve procurar tratamento imediato com medicação intravenosa.
Contudo, o novo medicamento surge como uma alternativa ao tratamento mais invasivo, que exige uma visita ao hospital.
Como funciona o spray nasal para taquicardia
O medicamento usado via spray é o etripamil, que tem ação rápida. Durante o estudo sobre sua eficácia e segurança, pesquisadores aplicaram um monitor de batimentos cardíacos que permitia que os participantes monitorassem sua frequência cardíaca.
Dessa forma, conseguiam identificar quando os sintomas de taquicardia começavam. Neste momento, eles próprios administraram uma dose de etripamil (70 mg).
Entre os 188 episódios de taquicardia que aconteceram entre os participantes, o spray nasal restaurou a frequência cardíaca para o normal em 30 minutos em 60% deles e em uma hora em 75% deles.
Além disso, não houve eventos adversos graves relacionados ao coração. Dessa forma, os pesquisadores consideram o medicamento uma ótima opção para pessoas que têm taquicardia.
“Assim como um inalador de albuterol para pacientes com asma ou uma caneta de epinefrina para pacientes com alergias graves ou anafilaxia”, exemplificou James Ip, autor do estudo, ao Newswise.
O novo medicamento ainda aguarda aprovação da Food and Drug Administration (FDA, equivalente à Anvisa dos EUA) para venda ao público.