As ferramentas de inteligência artificial já permitem recriar vozes e aparências de celebridades, como o chatbot da atriz Marilyn Monroe. Agora, startups querem usar a tecnologia de IA para recriar quaisquer pessoas mortas, simulando a personalidade e o comportamento de entes queridos.
O Snapchat é uma das empresas que permite recriar pessoas que já morreram com IA. Por meio da ferramenta “My AI”, usuários da rede social podem configurar um chatbot para soar como indivíduos que não estão mais entre nós.
Com ajuda do modelo de linguagem do ChatGPT, o My AI do Snapchat oferece recomendações, responde perguntas e “conversa” com os usuários. A ferramenta ainda consegue simular a imagem de pessoas falecidas, assim como as personalidades e formas de se comunicar.
Desde a antiguidade, humanos buscam formas de falar com os mortos. Os médiuns e religiosos, porém, estão sendo substituídos pela inteligência artificial, que faz com que pessoas queridas digam ou façam coisas que nunca disseram ou fizeram na vida.
Contudo, existem debates em relação à ética de usar tecnologia para simular uma pessoa que já morreu. Além disso, ainda não se sabe se isso ajuda ou atrapalha o processo de luto.
Recriações de pessoas mortas com IA geram debates
Muitas plataformas de avatares gerados por IA têm políticas de privacidade que afirmam não venderem dados a terceiros. Porém, não é claro o que algumas empresas, como Snapchat ou OpenAI, fazem com os dados usados para treinar seus sistemas.
A discussão é ainda mais profunda quando envolve a criação de falas inéditas para pessoas falecidas. Existe uma diferença entre reproduzir uma mensagem de voz de um familiar para ouvi-la novamente e ouvir palavras que nunca foram ditas por aquela pessoa.
Além da possibilidade de usar o Snapchat para recriar pessoas que já morreram, existem outras startups que oferecem esse tipo de serviço diretamente.
Exemplos de plataformas que recriam pessoas mortas com IA
A HereAfter AI, fundada em 2019, permite que os usuários criem avatares de falecidos. O aplicativo alimentado por IA gera respostas a perguntas com base em entrevistas realizadas enquanto o sujeito estava vivo.
Enquanto isso, o serviço StoryFile cria vídeos de conversação alimentados por IA que respondem a perguntas. Há ainda o Replika, um aplicativo que permite enviar mensagens de texto ou chamar avatares de IA personalizados.
Lançado em 2017, o Replika incentiva os usuários a desenvolverem uma amizade ou relacionamento. Ou seja, quanto mais você interage com o avatar, mais ele aprimora a própria personalidade, memórias e cresce “em uma máquina tão bonita que uma alma gostaria de viver nela”, diz a empresa na página do aplicativo na App Store do iOS.
Outras gigantes da tecnologia também já apostaram na tecnologia. Em junho de 2022, a Amazon disse que estava trabalhando em uma atualização para a Alexa que permitiria à assistente imitar qualquer voz, até mesmo de um membro falecido da família.
As recriações de IA das vozes das pessoas também melhoraram cada vez mais nos últimos anos. Por exemplo, as falas do ator Val Kilmer em “Top Gun: Maverick” foram geradas com inteligência artificial, depois que ele perdeu a voz devido a um câncer na garganta.