Steam adia aprovação de jogos sobre protestos de Hong Kong

No ano passado, a Valve anunciou que aprovaria praticamente qualquer game em sua plataforma Steam, contanto que os jogos não fossem ilegais ou “trollagens claras”. Porém, desenvolvedores ativistas de Hong Kong perceberam que, talvez, essas não sejam as únicas condições. Dois grupos de desenvolvedores que tentaram lançar seus games inspirados nos protestos pró-democracia de Hong […]
Captura de tela do jogo Liberate Hong Kong
Liberate Hong Kong

No ano passado, a Valve anunciou que aprovaria praticamente qualquer game em sua plataforma Steam, contanto que os jogos não fossem ilegais ou “trollagens claras”. Porém, desenvolvedores ativistas de Hong Kong perceberam que, talvez, essas não sejam as únicas condições.

Dois grupos de desenvolvedores que tentaram lançar seus games inspirados nos protestos pró-democracia de Hong Kong na Steam estão com dificuldades de obter a aprovação e explicações sobre o processo de revisão da plataforma.

Em um dos jogos, chamado Liberate Hong Kong, os jogadores saem às ruas vestidos com roupas pretas, capacetes e máscaras de gás e tentam se esquivar do gás lacrimogêneo e das balas de borracha da polícia.

Os desenvolvedores enviaram o game à Steam no dia 18 de outubro e até agora não obtiveram nenhuma resposta. De acordo com o site da plataforma, geralmente o processo de revisão demora de três a cinco dias – depois desse período, os criadores ficam sabendo se o game será publicado na plataforma ou se precisam fazer algum ajuste.

A equipe que criou o game disse ao Gizmodo que não recebeu nenhum retorno da Steam até agora, apesar de já terem perguntado sobre o status da aprovação em 30 de outubro e 26 de novembro.

“Entendemos que a Steam esteja preocupada com a perda de mercado da China”, disse Tom Chan, um dos desenvolvedores, ao Gizmodo. “Só esperamos que possam nos comunicar sobre o status do jogo”.

Numa carta aberta à Steam, a equipe do Liberate Hong Kong escreveu que “está profundamente preocupada com esta situação e gostaria de obter uma explicação pormenorizada do processo de revisão.”

A carta acrescenta que “houve múltiplos casos de censura política contra conteúdos em relação aos manifestantes de Hong Kong desde o movimento contrário à lei de extradição, e não seria surpresa para as pessoas do mundo livre se este fosse mais um caso de censura para manter boas relações com um certo regime opressor que suprime a democracia, a liberdade e os direitos humanos.”

Os desenvolvedores de outro jogo inspirado pelos protestos de Hong Kong também estão frustrados com a Steam.

Karma é um romance visual distópico inspirado na “tristeza e sofrimento em Hong Kong”, segundo seu site. Os desenvolvedores dizem que o jogo que foi submetido à revisão da Steam no dia 6 de outubro e, após correções de bug, reenviado no dia 4 de novembro.

A mensagem da Steam, que foi lida pelo Gizmodo, mostra que a plataforma respondeu às perguntas do desenvolvedor dizendo que a revisão estava levando mais tempo do que o habitual devido ao “conteúdo controverso e potencialmente ilegal” do jogo.

Se a Valve está adiando a aprovação desses jogos, não seria a única empresa a tomar decisões controversas relacionadas aos protestos de Hong Kong. Em outubro, a principal desenvolvedora de jogos dos EUA, a Blizzard, suspendeu um jogador profissional de Hearthstone depois que ele deu uma declaração de apoio aos manifestantes de Hong Kong.

Dias antes, a NBA se envolveu em uma controvérsia semelhante, após o gerente geral do Houston Rockets tuitar seu apoio ao movimento pró-democracia.

A China voltou a conceder licenças para jogos em abril deste ano, após reguladores suspenderem a aprovação de novos games em março de 2018. Por lá, todos os videogames devem ser aprovados por censores.

Alguns meses depois de a espera de licenças ser zerada, a Valve fez parceria com uma empresa chinesa para lançar uma versão da Steam na região.

A Valve não respondeu ao pedido de comentários do Gizmodo sobre o status de aprovação dos jogos Liberate Hong Kong e Karma. Perguntamos sobre o processo de aprovação atrasado e o que significava dizer aos desenvolvedores que os conteúdos são “potencialmente ilegais.”

De acordo com o site do Karma, toda a receita do jogo nos primeiros seis meses será doada ao movimento pró-democracia de Hong Kong.

Arte Lee, um dos membros da equipe do Karma, disse ao Gizmodo que os desenvolvedores estão “muito decepcionados” com a Steam, já que a plataforma hospeda muitos outros jogos políticos que se relacionam diretamente com pessoas e eventos reais, enquanto Karma é um jogo fictício sobre um futuro distópico.

“Parece que eles se importam mais com o dinheiro do que com a liberdade da criatividade artística”, disse Lee em uma mensagem, pontuada com um emoji triste.

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