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“Stranger Things”: Veja os casos reais que inspiraram a série

A russa Nina Kulagina ficou conhecida por ter seus supostos poderes telecinéticos estudados pela antiga União Soviética, é um dos casos que inspirou “Stranger Things”

Stranger Things

Imagem: Divulgação/Netflix

Depois de três anos de espera, o primeiro volume da 4ª temporada de “Stranger Things” chegou com tudo na Netflix A produção já bateu recorde de audiência e vem deixando os fãs ansiosos pelos últimos episódios, que chegam em 1º de julho. Lançada em 2016, a série conquistou o público com sua ambientação nos anos 80 e personagens carismáticos.

Embora muitos aspectos da trama sejam completamente ficcionais, os Irmãos Duffer, os criadores e produtores da série, utilizaram bases científicas reais para criar o enredo. Entre os casos reais que inspiraram “Stranger Things”, está o misterioso Projeto Montauk, o bizarro MKUltra, além da russa Nina Kulagina. 

Pensando nisso, trouxemos alguns exemplos de projetos, experimentos e eventos que realmente aconteceram e que inspiraram o roteiro da trama da Netflix. Se liga só: 

MKUltra

Imagem: Divulgação/Netflix

A história de “Stranger Things” é iniciada em 1983 e acompanha, inicialmente, o desaparecimento de Will Byers. Logo conhecemos a personagem Eleven, cujo passado é revelado aos poucos. Eventualmente descobrimos que seus poderes são fruto de experiências realizadas em um laboratório secreto na região. São as ações desse laboratório que abrem a brecha, que faz as criaturas do Mundo Invertido entrarem em nosso mundo.

Por mais bizarros que sejam, esses experimentos têm conexão direta com o projeto MKUltra da CIA, e com alguns segredos do governo americano. Criado durante o período da Guerra Fria, no início dos anos 1950, o projeto MKUltra foi desenvolvido pela CIA a partir de uma crença do governo americano de que a Rússia estaria desenvolvendo técnicas de controle mental sob seus rivais.

Obviamente, diversos aspectos do Projeto MKUltra eram ilegais, incluindo a utilização não-voluntária de pessoas dos EUA e Canadá. Os experimentos ocorreram em mais de 80 instituições americanas, incluindo universidades, hospitais e prisões. Alguns dos arquivos da operação foram destruídos pelo diretor da CIA em meio ao escândalo Watergate, mas informações chave sobre o projeto foram divulgadas publicamente em 2001.

O Projeto MKUltra continuou experimentos iniciados durante a Segunda Guerra Mundial, em instituições japonesas e campos de concentração nazistas. De acordo com documentos da CIA, a operação focou em métodos químicos, biológicos e radiológicos de controle da mente. 

Os indivíduos testados eram submetidos a altas doses de drogas psicoativas, como LSD. Muitos receberam tais doses sem saber e interrogados para descobrir se revelariam segredos. Muitos deles também passaram por privação sensorial, hipnose, choques elétricos, abuso e outras formas de tortura.

Projeto Montauk

Imagem: Divulgação/Netflix

Stranger Things” também é inspirada em uma teoria da conspiração sobre o governo dos Estados Unidos: o Projeto Mountauk. Os experimentos teriam acontecido na cidade que leva o nome do projeto, também envolvendo técnicas psiquiátricas perturbadoras.

Diferente do programa citado anteriormente, não há muitas provas que indiquem que esse projeto realmente existiu, mas reza a lenda que aconteceram algumas experiências estranhas em Mountak, Nova York, durante os anos 1980.

De acordo com Alfred Bielek, um dos possíveis envolvidos no programa, os experimentos teriam acidentalmente proporcionado uma espécie de abertura no hiperespaço entre os anos 1983 e 1943. Além da possibilidade da viagem temporal, o irmão de Alfred, Duncan, que também estaria envolvido nas ações, teria desenvolvido certos poderes e despertado um monstro terrível no mundo (via DigitalSpy).

Esses possíveis acontecimentos são semelhantes ao que é visto em “Stranger Things”, com Eleven e outras crianças raptadas pelo laboratório de Hawkins. Há depoimentos sobre invocação de monstros no subconsciente, e também sobre tortura para que as vítimas usassem a mente para abrir um portal. Tudo o que dizem ter acontecido no Projeto Mountauk, por enquanto, é fantasia, já que nenhuma evidência concreta surgiu até então.

Nina Kulagina

E não para por aí! A história de Eleven é muito parecida com a de uma mulher chamada Nina Kulagina. Em “Stranger Things”, a personagem conta com poderes telecinéticos, como a manipulação de objetos com a mente. Durante a Guerra Fria, cientistas alegavam que Kulagina podia fazer isso e mais um pouco.

Os poderes de Eleven se assemelham com os mostrados pela russa Nina Kulagina, que foi recrutada pela União Soviética, caso seus domínios  psíquicos fossem necessários no esporte ou durante a Guerra Fria. Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, o mundo vivia a polarização entre Estados Unidos e União Soviética, com extensas disputas estratégicas e conflitos indiretos. As duas potências investiram em pesquisas sobre paranormalidade, na esperança de encontrar vantagens que pudessem ser exploradas sob a perspectiva militar.

Ninel Kulagina foi técnica de rádio na Segunda Guerra Mundial e contribui ativamente para o governo soviético, até ser ferida no estômago e tornar-se dona de casa. Segundo a própria Nina, desde pequena objetos se mexiam ao seu redor quando estava brava ou nervosa. Ainda de acordo com o que fora relatado pela “paranormal”, com o passar dos anos ela teria aprendido a controlar os supostos poderes, mas sentia fortes dores na cabeça e na coluna por causa disso. 

Nina foi estudada por dezenas de cientistas soviéticos ao longo de 30 anos, e até existem vídeos mostrando a mulher usando seus poderes. Entre os relatos de experimentos, há o registro de que ela teria conseguido parar o coração de um sapo. O fenômeno teria ocorrido em um laboratório em 1970. 

Apesar de tudo isso, após tornar-se uma celebridade local, Nina Kulagina passou a ser criticada por pessoas que não acreditavam na existência de poderes telecinéticos ou algo do tipo. Ela chegou a processar uma revista russa por calúnia, em 1987, tendo cientistas testemunhando a seu favor, o que contribuiu para que vencesse a batalha jurídica. Em 1990, aos 64 anos, Kulagina sofreu um infarto fulminante e faleceu. Nessa época, segundo ela mesma, suas habilidades paranormais haviam desaparecido.

Pânico satânico

Imagem: Divulgação/Netflix

Outro caso que inspirou o roteiro da temporada 4 da série da Netflix é o Satanic Panic, ou Pânico Satânico em tradução literal. Antes de os jovens descobrirem o Vecna a cidade de Hawkins começa a ser assombrada por assassinatos e os principais acusados são um grupo chamado The Hellfire Club. Porém, esses jovens são inocentes e apenas se reúnem para jogar Dungeons & Dragons.

Na década de 1980, a população dos Estados Unidos entrou em uma histeria coletiva chamada Satanic Panic. Nesse surto, muitos acreditavam que pessoas envolvidas em “cultos satanistas” estavam cometendo assassinatos brutais em todo o país. Isso resultou em acusações e condenações injustas sem evidências suficientes, e muitas pessoas pagaram o preço por, supostamente, terem cometido crimes brutais e sádicos.

A trama envolvendo Eddie Munson é uma clara referência ao “Pânico Satânico”, baseada nas experiências de Damien Echols, um dos “Três de Memphis”. Em 5 de maio de 1993, três crianças desapareceram em uma vizinhança pacata de West Memphis, Arkansas. Seus corpos foram encontrados no dia seguinte e, devido à violência, o assassinato foi coberto por um teor “ritualístico”, onde a população majoritariamente cristã da cidade passou a suspeitar de uma seita satânica. 

O acusado era o gótico Damien Echols. Sem qualquer tipo de prova, a polícia acabou prendendo Damien junto com seu melhor amigo, Charles Jason Baldwin. A prisão foi motivada por uma “confissão” de Jessie Misskelley, um adolescente que supostamente conhecia os amigos e que passou cerca de 12 horas sendo interrogado pelas autoridades.

A história mostrou que Jessie não era uma testemunha crível. Além de ser pressionado pela polícia, o adolescente tinha comprovados problemas de desenvolvimento. Os três – Damien, Jason e Jessie – foram levados a julgamento, sendo o “líder da seita”, Damien, levado a pena de morte, enquanto os “comparsas” foram condenados à prisão perpétua. 

The Amityville

Imagem: Divulgação/Reprodução Netflix

A história da casa da família Creel é bastante parecida com o que aconteceu em uma casa em Amityville em Long Island, Nova York, que resultou em um livro e diversos filmes.

Na casa real, Ronald DeFeo Jr. assassinou seis membros de sua família, basicamente o que Henry Creel faz em Stranger Things. Em Amityville, as pessoas que foram morar na casa depois do crime começaram a relatar acontecimentos paranormais, como lodo saindo da parede, vozes estranhas saindo das paredes, sensação de febre, dor no corpo e mudanças de comportamento.

Vale lembrar que a quarta temporada de “Stranger Things” já pode ser vista na Netflix em sete episódios; os demais estreiam no dia 1º de julho.

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