Ciência

Substância química comum em plásticos pode diminuir as chances de engravidar

Estudo aponta que níveis de ftalato no organismo estavam associados a alterações hormonais em mulheres, que tem dificuldade em engravidar
Imagem: Nathan Dumlao/ Unsplash/ Reprodução

Shampoos, maquiagens, brinquedos e até mesmo alguns tipos de piso tem um composto em comum: os ftalatos. Geralmente, esse grupo de produtos químicos é utilizado como plastificante e solvente. 

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No entanto, o contato direto com a substância pode causar prejuízos à saúde. De acordo com um novo estudo publicado na revista Environmental Health Perspectives, há uma associação entre a exposição aos ftalatos e uma redução na probabilidade de engravidar.

Entenda a pesquisa

Pesquisadores das universidades de Massachusetts e Buffalo, nos EUA, analisaram informações sobre aproximadamente 1.200 mulheres que estavam tentando engravidar. No total, os cientistas acompanharam seis ciclos menstruais das participantes.

Segundo o artigo, a pesquisa contou com dados detalhados para cada ciclo menstrual. Dessa forma, os cientistas puderam acompanhar da data da ovulação até o momento em que a gravidez ocorreu.

“Pudemos analisar algumas exposições ambientais, como ftalatos, e como isso se relaciona com o tempo necessário para engravidar”, disse Carrie Nobles, autora do estudo.

Em geral, o organismo quebra os ftalatos em metabólitos que acabam sendo filtrados e, então, eliminados pela urina. Por isso, os pesquisadores mediram 20 metabólitos de ftalatos em amostras de urina coletadas quando as participantes se inscreveram no estudo.

Além disso, eles também examinaram um marcador de inflamação chamado proteína C-reativa.

O efeito dos ftalatos

Os ftalatos são conhecidos como disruptores endócrinos, o que significa que eles geram alterações hormonais. Na pesquisa recente, os cientistas descobriram que as mulheres que tinham níveis mais altos de exposição à substância também apresentavam indicadores mais altos de inflamação e estresse oxidativo. 

Isso, por sua vez, pode levar a danos em órgãos e tecidos. Ao mesmo tempo, quanto maior a quantidade de ftalato no organismo, menores os níveis de estradiol e maiores os níveis de hormônio folículo-estimulante.

Ambos são importantes para a ovulação e para o início da gravidez. Mas o padrão indicava que a liberação de óvulos não estava acontecendo como devia. 

“Esse perfil – estradiol permanecendo baixo e hormônio folículo-estimulante permanecendo alto – é algo que vemos em mulheres com insuficiência ovariana”, explicou Nobles. Segundo a pesquisadora, “à medida que a exposição aumentava, observamos mais e mais o efeito”.

No entanto, o estudo destaca que essa influência ocorre durante a tentativa de engravidar. Já durante a gravidez, a exposição aos ftalatos não causou a perda do bebê. 

Ftalatos no Brasil

A IARC (Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer) classifica os ftalatos como substâncias possivelmente carcinogênicas para os seres humanos, incluindo-os no grupo 2B. Outros estudos também já concluíram que a substância pode prejudicar fetos.

No Brasil, uma resolução da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) de 2009 limita a concentração de ftalatos e seus derivados em copos e garrafas plásticas descartáveis.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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