Ciência

Uso de cannabis durante gravidez pode aumentar os riscos para bebês

Novo estudo reforça pesquisas anteriores e orientações do Ministério da Saúde, que já apontam riscos do uso de cannabis durante a gravidez
Imagem: Aditya Romansa/ Unsplash/ Reprodução

Uma nova pesquisa publicada na revista American Journal of Obstetrics & Gynecology demonstrou que bebês cujas mães usaram cannabis durante a gravidez têm mais chances de sofrer problemas ao nascer. Os principais riscos são baixo peso e possibilidade de internação em UTIs neonatal.

De modo geral, os resultados confirmam achados de pesquisas anteriores. Além disso, também estão alinhados com a orientação da American College of Obstetricians and Gynecologists de que pacientes grávidas evitem a cannabis durante a gestação.

Entenda a pesquisa

Para o estudo, pesquisadores analisaram casos de mais de 360 mil mães e seus bebês entre 2011 e 2020, por meio de registros de saúde. Para confirmar o uso de cannabis, os cientistas aplicaram questionários e realizaram testes toxicológicos com a urina das mães.

Algumas delas usavam cannabis de maneira recreativa, mas outras apresentavam associações a sintomas como náusea, depressão, ansiedade e traumas, de forma que utilizavam a droga para aliviar essas queixas.

Buscando evitar interferências, o estudo também considerou outras variáveis, como status socioeconômico materno, uso de outras substâncias, adequação ao pré-natal e condições médicas como obesidade.

Do total de bebês participantes do estudo, aproximadamente 6,2% foram expostos à cannabis durante a gestação. Entre eles, os dados indicaram maior probabilidade de baixo peso ao nascer, de inadequação do crescimento à idade gestacional, de parto prematuro e de internação em UTIs neonatal.

Dose e frequência

Além de comprovar a ligação, o estudo também demonstra que há uma relação entre a dose de cannabis utilizada e o risco de problemas de saúde do bebê. Isso significa que, quanto mais frequente o uso, maior as chances do recém-nascido sofrer alguma consequência. 

Para os pesquisadores, essa descoberta traz informações importantes para a redução de danos.

“Para aquelas que talvez não estejam dispostas a parar de usar cannabis durante a gravidez, o uso menos frequente pode ter menos danos potenciais”, explica Kelly Young-Wolff, autora do estudo.

Os cientistas envolvidos acreditam que é importante que os médicos saibam abordar as mães que fazem uso de cannabis sem julgamento, a fim de compreender o motivo. Então, se for para aliviar sintomas como ansiedade ou náuseas, por exemplo, eles podem orientar outras opções de tratamento.

Agora, as informações da pesquisa também podem ajudar as mães a tomarem decisões mais informadas sobre o uso de cannabis na gravidez.

O que diz o Ministério da Saúde

No Brasil, o Ministério da Saúde oferece uma cartilha sobre o uso de drogas na gestação. Algumas das consequências do consumo de cannabis durante a gravidez já estão no documento, como nascimento prematuro, comprometimento do crescimento fetal e internações em UTI neonatal.

Ainda de acordo com a cartilha, o uso de cannabis pode causar descolamento da placenta, aborto espontâneo e nascimento de bebê natimorto. Além da cannabis, a cartilha aborda também o consumo de bebidas alcoólicas e tabaco, por exemplo.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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