Era 1999, e um veículo operado remotamente (VOR) navegava pelas profundezas do Oceano Pacífico, no meio do caminho entre o Havaí e a Califórnia. Foi neste trajeto que ele gravou uma imagem de um tamboril-nariz-chicote de cabeça para baixo, pairando em meio à água.
No momento, pesquisadores acreditaram que aquele era um comportamento inusitado. Ou ele estava mirando as presas no fundo do mar, ou era apenas um peixe engraçadinho, fazendo algo incomum para a espécie.
Mas novos registros provaram que os cientistas estavam enganados. Estar de ponta cabeça é, na verdade, o jeitão do tamboril-nariz-chicote, segundo novos vídeos demonstram. Agora, o comportamento foi registrado em um artigo na revista Journal of Fish Biology.
Sobre o peixe
O tamboril-nariz-chicote fazem parte daquele grupo de peixes com aparência exótica que vivem em regiões bastante profundas do oceano. Seu nome não é à toa: conectado ao topo da sua cabeça, onde fica seu “nariz”, há um um fio, que parece um chicote ou uma vara de pescar. Esse fio pode ter até quatro vezes o comprimento do seu corpo.
De modo geral, esse chicote funciona como uma isca. Na ponta, há uma concentração de bactérias bioluminescentes, ou seja, que produzem luz. Isso atrai as presas do tamboril-nariz-chicote, o que facilita sua alimentação.
Contudo, essa característica só está presente nas representantes fêmeas da espécie. Enquanto isso, os machos são bem menores e não possuem a isca na ponta do chicote.
Vivendo de cabeça para baixo
Antes, pesquisadores acreditavam que seu chicote ficava pendurado do topo da cabeça, passando pela frente do seu rosto. Mas agora vídeos de missões subaquáticas no Atlântico, Pacífico e Índico sugerem que tamboril-nariz-chicote passam seus dias sem luz, de cabeça para baixo, com suas longas iscas penduradas em direção ao fundo do mar, como nas imagens abaixo.
Embora pareça estranho, cientistas suspeitam que isso torne o tamboril-nariz-chicote ainda mais letal. Isso porque, ao manter sua isca mais longe de sua boca, ele pode derrubar presas maiores e mais rápidas. E com um bônus: consegue fazer isso sem morder acidentalmente a si mesmos.
Em uma das investigações, pesquisadores encontraram uma lula gigante (Dosidicus gigas) na barriga do peixe enquanto ele era dissecado.