Técnica de cirurgia com robôs oferece menor trauma e maior precisão
Texto: Redação / Arte: Diego Facundini* / Jornal da USP
O Departamento de Obstetrícia e Ginecologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP inicia cirurgias robóticas para atendimento à população. A tecnologia proporciona operações minimamente invasivas com maior precisão e menor impacto no corpo. Serve, por exemplo, na remoção do útero, no tratamento de endometriose, remoção de cânceres e outras doenças. Sérgio Contes Ribeiro, chefe do grupo de Laparoscopia (nome da técnica robótica) Ginecológica do Hospital das Clínicas, explica, em linhas gerais, como funciona o tratamento: “O cirurgião fica sentado num console e, através de movimentos com os seus dedos, ele coordena os braços robóticos que estão próximos do paciente. É realmente uma cirurgia que traz uma segurança muito grande para as nossas mulheres que tenham a necessidade de fazer algum procedimento de tratamento cirúrgico ginecológico”, complementa ele.
Normalmente, são três furinhos feitos na região do abdômen para que as câmeras possam ter acesso melhor à região. Um corte de aproximadamente um centímetro é feito no umbigo e outros dois ainda menores na proximidade. Através deles passam as “mãos” robóticas, que poderão operar o paciente por dentro com uma precisão maior do que os melhores cirurgiões podem oferecer. Para que o médico possa acompanhar, é passada também uma câmera minúscula, mas que pode aumentar em até 20 vezes a imagem.
Menos invasiva
O médico comenta que, se a cirurgia for bem indicada e o pré-operatório feito de forma adequada, a cirurgia robótica “é uma alternativa muito melhor”. Não só pela melhor técnica cirúrgica, mas também pela melhor recuperação e qualidade de vida do paciente. “O paciente vai de alta, às vezes, no mesmo dia ou na manhã do dia seguinte. Imagina aquela pessoa que precisa voltar a trabalhar em cinco, sete dias, ela está liberada para retomar as atividades profissionais habituais”, conta Ribeiro.
Ainda assim, continua sendo uma cirurgia, e algum repouso é necessário. Afinal, ela evita que haja danos na parte externa do corpo, mas na parte interna ainda houve invasão. “A extensão da cirurgia internamente é igual à cirurgia quando a gente fazia a cirurgia de barriga aberta.” Pode haver casos também, segundo o doutor, em que o médico opte pela técnica antiga caso ele julgue necessário. Em geral, no entanto, os benefícios de usar os robôs devem superar qualquer adversidade.
O que ainda precisa ser desenvolvido
O primeiro contraponto é o custo, que, por exigir uma tecnologia de ponta, ainda é muito elevado. Por esse motivo, é possível que ainda demore um pouco até que a técnica se dissemine e seja acessível de maneira ampla, sendo inicialmente restrita aos principais polos médicos.
Um segundo ponto de atenção é o aprendizado da técnica. Na USP, por exemplo, os que se formam em cirurgia devem cumprir os já anteriormente exigidos três anos de residência e dois anos adicionais, criados especificamente para se aprender a manusear o aparelho. Mas a ideia é que não sejam aprendizados separados: “Nós achamos que é muito importante capacitar ao longo da residência. Além disso, existem cursos de pós-graduação, cursos de extensão que são oferecidos para outros colegas que não tiveram essa oportunidade na sua residência, de se capacitar com a cirurgia minimamente invasiva, e aí esses cursos de extensão tentam suprir essa falha na formação desses colegas. Mas o ideal seria que todas as residências passassem já no seu programa a cobrir essa formação em cirurgia minimamente invasiva”.
*Estagiário sob supervisão de Moisés Dorado
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