Vasos sanitários e tecnologia: um mar de possibilidades
Hoje, quem sabe até neste exato momento, você utilizou um banheiro. Um vaso sanitário. Você aí, no seu computador de última geração, smartphone ultrafino ou tablet com tela de alta resolução utilizou a válvula de descarga, um mecanismo inventado em 1596.
Inicialmente, ele foi desenhado para a Rainha Elizabeth por John Harrington. A cerâmica e seu botão-de-mandar-tudo-embora só se popularizou por volta de 1880, com a fábrica de manufatura de Thomas Crapper. Apesar de já termos evoluído bastante, considerando que antes as necessidades eram feitas em buracos no chão, ainda estamos utilizando um mecanismo que foi popularizado há mais ou menos 130 anos.
Você pode pensar que em time que está ganhando não se mexe, mas, na verdade, há muitas melhorias a serem feitas no utensílio que recebe nossas necessidades fisiológicas todos os dias incansavelmente: utilizar papel higiênico, além de consumir árvores e mais árvores, é trabalhoso. O que falar da nossa conhecida descarga, que gasta de 6 a 12 litros de água quando poderia fazer o mesmo serviço com muito menos?
Boa parte dos aparelhos atuais recebem atenção e são otimizados até o máximo: nos preocupamos com o consumo energético de nossas geladeiras e com a cor das lâmpadas de casa, mas nada de melhorias para o toilette. Até hoje, o melhor que encontrei no Brasil foi um vaso sanitário com assento acolchoado, descarga automática e escolha entre “nº 1” e “nº 2” para economia de água (6L ou 3L, de acordo com a necessidade).
Felizmente, os japoneses são extremamente preocupados com os aparelhos especializados nas necessidades fisiológicas. 72% das casas nipônicas já contam com as Washlets: assentos sanitários aquecidos e um jato de água morna muito melhor que papel higiênico, além do secador com ar quente embutido nos modelos mais caros.
Os Washlets podem economizar muito para o país: a limpeza com água é mais completa e pode evitar muitos casos de infecção urinária, geralmente causada pela migração de bactérias do trato digestório para o trato urinário. Além disso, não depender do papel higiênico pode economizar muito dinheiro, árvores e poupar momentos constragedores pela falta do mesmo.
Apesar de apresentar diversos benefícios, os vasos high-tech não têm boa aceitação no mercado fora do Japão. É difícil mudar hábitos já enraizados, ainda mais quando se trata de um assunto tão delicado quanto necessidades fisiológicas. Quando perguntados, boa parte dos americanos evitam falar do assunto ou só dizem que é nojento.
Caso você decida encarar o desafio de mudar radicalmente os hábitos, depoimentos indicam que você não irá se arrepender. No site da TOTO há uma lista das lojas que vendem assentos sanitários de alta tecnologia e outros utensílios sustentáveis no Brasil. O preço é salgado, mas a promessa é que, depois de usar um vaso sanitário cheio de mimos, todos os outros vasos parecerão pré-históricos.
Um Toto relativamente básico custa em média R$ 4.200, com instalação inclusa. Com isto, você poderia utilizar menos que os 4.239 rolos de papel higiênico que comumente usamos durante a vida. Você ainda precisará de papel higiênico para assoar o nariz ou tirar a maquiagem, quem sabe até “finalizar o trabalho” caso o secador da Toto não seja tão potente. Mas pense que para produzir estes 4 mil rolos de papel higiênico, 384 árvores são derrubadas. É um peso a mais no bolso e outro a menos na consciência.
Imagem por Astragal/Shutterstock