Ciência

Confira as tecnologias para negativar emissões de gases na produção de alimentos

Novo estudo aponta soluções que não apenas reduzem emissões de sistemas alimentares, como também sequestram carbono
Imagem: Tim Mossholder/ Unsplash/ Reprodução

À medida que a população humana da Terra cresce, as emissões de gases de efeito estufa emitidos na produção de alimentos aumentam no mundo. Agora, um estudo publicado na revista especializada PLOS Climate demonstrou que a tecnologia e a gestão agrícolas de ponta podem reduzir mais esses gases do que os sistemas alimentares emitem.

Em geral, a rede mundial de produção de alimentos é responsável por algo entre 21% e 37% das emissões de gases de efeito estufa a cada ano. 

No entanto, com a população global se aproximando de 10 bilhões até meados deste século, essas emissões poderiam crescer para cerca de 50% a 80% até 2050, de acordo com o artigo.

Até agora, um dos principais caminhos indicados por pesquisas anteriores havia sido a mudança de dieta. Como o desmatamento de florestas para implementações de pasto e a própria pecuária geram muitas emissões de gases de efeito estufa, a dieta flexitariana é recomendada.

Ela consiste em reduzir — em vez de excluir — o consumo de alimentos de origem animal. Dessa forma, sugere que as pessoas priorizem a ingestão de verduras e legumes.

De acordo com um grupo de cientistas da Comissão EAT-Lancet, se toda a população humana adotasse essa dieta até 2050, cerca de 8,2 bilhões de toneladas de gases de efeito estufa deixariam de ser liberadas na atmosfera terrestre. 

Contudo, esse número ainda é baixo. “Se as pessoas escolherem mudar para dietas mais saudáveis, como sugerido pela EAT-Lancet – e se puderem pagar por isso – ótimo”, disse Benjamin Houlton, um dos autores do novo estudo. 

“Mas para alcançar as emissões líquidas negativas de gases de efeito estufa no mundo – um imperativo global para evitar os impactos climáticos mais perigosos – precisamos depender muito da tecnologia e das técnicas de gestão agrícola”, completou em entrevista à Phys.

As descobertas do novo estudo

Os pesquisadores examinaram cerca de uma dúzia de tecnologias e desenharam um novo modelo que mostra uma maneira mais eficaz de reduzir as emissões.

Dessa forma, descobriram quatro possibilidades: impulsionar as modificações no solo para cultivos (com biochar, compostos e emendas de rocha), desenvolver a agrofloresta, avançar nas práticas sustentáveis de colheita de frutos do mar e promover a produção de fertilizantes à base de hidrogênio.

“Nosso estudo reconhece o sistema alimentar como uma das armas mais poderosas na luta contra as mudanças climáticas globais”, explicou Houlton. “Precisamos ir além do pensamento de soluções milagrosas e testar, verificar e dimensionar rapidamente soluções locais alavancando incentivos baseados no mercado”.

Mudanças locais com impactos globais

O estudo traz o exemplo de um processo chamado de “intemperismo aprimorado”. Nele, agricultores adicionam pó de rocha de silicato no solo das plantações a cada cinco anos. Isso acelera a formação de carbonatos, o que consome dióxido de carbono. 

Assim, seria possível sequestrar vários bilhões de toneladas de carbono por ano.

Outra solução apresentada é a agrofloresta. Nela, o plantio de árvores em terras agrícolas não utilizadas pode prender até 10,3 bilhões de toneladas de carbono anualmente. 

Já o cultivo de algas marinhas na superfície do oceano e seu enterramento posteriormente podem remover  até 10,7 bilhões de toneladas de dióxido de carbono.

Além disso, a suplementação da alimentação do gado com aditivos poderia reduzir as emissões de metano em 1,7 bilhão de toneladas. E a aplicação de biochar em terras agrícolas pode reduzir as emissões de óxido nitroso em 2,3 bilhões de toneladas.

“Precisamos de um portfólio de soluções que sejam eficazes localmente, mas tenham impacto global”, explicou Houlton.

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Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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