Efeito estufa: Brasil adere a acordo global para frear emissões de gases HFC

Além de colaborar para a causa ambiental, estima-se que a adesão represente uma economia de R$ 28 bilhões para o país em 2035. Entenda
Efeito estufa: Brasil adere a acordo global para frear emissões de gases HFC
Imagem: Ria/ Unsplash/ Reprodução

O Brasil finalmente oficializou sua participação na Emenda de Kigali, um acordo mundial criado junto à ONU (Organização das Nações Unidas) para restringir a emissão de gases HFCs (hidrofluorcarbonetos). A participação veio com a publicação da decisão no Diário Oficial da União, na última sexta-feira (25). 

O país foi um dos últimos a aderir ao acordo, que recebe o nome da capital de Ruanda, onde o documento foi estabelecido. Ele amplia a proposta do Protocolo de Montreal que, em 1987, firmou uma parceria mundial para redução da produção de CFCs (clorofluorcarbonetos), gases que destroem a camada de ozônio

A colaboração de diversos países evitou que as temperaturas globais aumentassem cerca de 0,5°C e a camada de ozônio se restaurou. Na época, os CFCs foram substituídos pelo uso de HFCs, substâncias que estão presentes em aparelhos de refrigeração, como freezers, geladeiras e ar-condicionado.

Agora, com o conhecimento de que esses são gases do efeito estufa e também influenciam as mudanças climáticas, a Emenda de Kigali pretende reproduzir o sucesso do Protocolo de Montreal.

Em geral, a estimativa é que a adoção do acordo evite que a temperatura mundial aumente de 0,3°C a 0,5°C até 2100. No total, 150 países assinaram a emenda.

Qual o papel do Brasil no acordo

Aderindo ao acordo, o Brasil se compromete a diminuir o consumo e emissão desses gases de efeito estufa. Segundo a meta estabelecida , o país deve congelar seu consumo de HFCs dentro do teto estabelecido até o próximo ano. 

Em seguida, uma diminuição progressiva deve acontecer. Até 2045, a Emenda de Kigale propõe a redução em 80%. Para cumprir as metas, o Brasil poderá receber até U$100 milhões (ou cerca de R$500 milhões) do Fundo Multilateral do Protocolo de Montreal.

O dinheiro financiará à adequação de fábricas e capacitação de mão de obra, para que a indústria brasileira adapte seus aparelhos de refrigeração. Contudo, o acesso ao fundo pode ser suspenso ou cancelado caso as metas de cortes em emissões não forem cumpridas.

Um cenário de ganhos para os brasileiros

A participação do Brasil no acordo tem vários pontos positivos. Além da transformação da indústria e o comprometimento com a redução da emissão de gases do efeito estufa, o país evita que sua indústria de refrigeração se torne obsoleta. 

Dessa forma, com as atualizações dos aparelhos, o mercado brasileiro se alinha às inovações já presentes em outros mercados, como os americanos, europeus, chineses e indianos.

E a população também poderá sentir os impactos positivos. Os novos equipamentos de refrigeração que atendem aos requisitos da rede Kigali consomem cerca de 40% menos de eletricidade do que aqueles usados aqui. 

Na conta de luz, isso pode significar uma economia nacional de cerca de R$ 28 bilhões em 2035.

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Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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