Tele-Color: a solução para o cansaço nos olhos causado pela TV, vinda direto de 1963

Ver muita TV faz mal para os olhos, certo? Bem, é isso que nossas mães dizem desde quando a gente era criança. Mas é difícil desgrudar da TV (e agora, do computador). Como resolver isto? Uma empresa já criou a solução – em 1963. O Tele-Color é uma película colorida feita para TVs na década […]

Ver muita TV faz mal para os olhos, certo? Bem, é isso que nossas mães dizem desde quando a gente era criança. Mas é difícil desgrudar da TV (e agora, do computador). Como resolver isto? Uma empresa já criou a solução – em 1963.

O Tele-Color é uma película colorida feita para TVs na década de 60, que ainda eram preto-e-branco. E neste material publicitário encontrado pelo leitor Franklin Lima, podemos ver como ele prometia funcionar.

Este é quase como um infomercial da Polishop, porém impresso e maravilhosamente retrô:

Primeiro, a propaganda estabelece o problema: ver TV é supimpa, mas prejudica seus olhos. Veja só essa família incomodada com “a luz branca e penetrante projetada pelo tubo”! E agora? Conheça TELE-COLOR.

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Eis que surge um produto que parece bom demais para ser verdade. A primeira transmissão de TV em cores aconteceu no Brasil só em 1972: por isso, uma película que deixa sua TV colorida certamente soaria bem atraente e futurista em 63.

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Então é hora de exaltar as vantagens do Tele-Color. O que ele faz? Ela elimina o fantasma, chuvisco e reflexos da tela! Ela deixa as imagens mais nítidas, “dentro de uma coloração cientificamente estudada”! As crianças adoram! Como não acreditar?

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E para arrematar, um conselho de um especialista – no caso, o médico – para mostrar que sim, o produto funciona mesmo. O doutor diz que o Tele-Color é “benéfico para o órgão da visão e agradável para os sentidos”.

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Veja como na época era permitido fazer ressalvas nos conselhos – o médico diz que a película não resolve totalmente o problema – e a propaganda trazia a carta com firma autenticada em cartório para provar que é legítima.

Mas como você deve imaginar, o Tele-Color não devia fazer nada de realmente útil. Era só uma película verde, azul ou tricolor que deixava a tela inteira com a mesma cor. Isso não impedia a Rologar de dizer que sua tela “em plástico japonês” fornecia imagem colorida.

Neste anúncio de 1962 no Correio da Manhã, vemos que ele custava Cr$ 1.600 – cerca de R$ 26 – quando foi lançado no Rio de Janeiro. Para uma folha de plástico, isso não é exatamente barato.

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As promessas também pareciam grandes para quem queria revender o Tele-Color. Neste anúncio de 1964 no Diário da Noite, a Rologar prometia que revendedores ganhariam “5, 10, 20 mil ou mais por dia”.

Convertendo para valores atuais, isso significa cerca de R$ 35, R$ 70 e R$ 135, corrigido pela inflação. Isto está longe da fortuna prometida por esquemas de pirâmide, por exemplo; mas se o anúncio precisa dizer “e veja se não é verdade”, a proposta soa boa demais para ser verdade – como o próprio Tele-Color, aliás.

A empresa Rologar decretou falência em 1967. E bem, mesmo antes das TVs coloridas, o Tele-Color não tinha motivo de ser.

[Valeu, Franklin!]

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