Telemedicina se consolida, mas abre espaço para golpes; entenda
Com menos de um ano de regulamentação, a telemedicina consolida seu espaço na saúde do Brasil: 33% dos médicos e 26% dos enfermeiros do país realizaram consultas via internet em 2022, um aumento significativo ante 2019, período pré-pandemia.
Os dados vêm de um levantamento de dezembro do Cetic (Centro de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação). Segundo a pesquisa, 68% dos médicos e 51% dos enfermeiros já usam a prescrição em formato eletrônico.
Nesse sentido, a tecnologia se mostrou uma aliada da saúde. Um estudo feito pela American Medical Association apontou que 75% das visitas a clínicas médicas ou emergências são desnecessárias – elas seriam mais eficazes e seguras se feitas por telefone, vídeo ou chat online.
No Brasil, a popularização da modalidade pode ser especialmente benéfica, especialmente para reduzir o tempo de espera nas consultas por planos de saúde e pelo SUS. Apesar da regulação, o país ainda está atrasado em teleconsultas em relação a outros países.
“Hoje, nós vivemos uma desigualdade de acesso e essa tecnologia veio para diminuir justamente isso”, disse Jefferson Gomes Fernandes, neurologista e coordenador do programa de Educação em Telemedicina e Saúde Digital da Seção Paulista de Medicina, ao site UOL.
No SUS, cada prefeitura implanta seu serviço de telemedicina. Para ter acesso, o paciente deve chegar no site da secretaria municipal de saúde quais são as modalidades disponíveis. Já nos planos de saúde privados, é possível agendar consulta nas plataformas digitais dos convênios.
Desde 28 de dezembro, os atos praticados em telemedicina por profissionais de saúde têm validade em todo o território nacional.
Lacunas e golpes
Mas a popularização da prática também abre espaço para novos golpes no mercado. Segundo a empresa de combate a fraudes AllowMe, um dos mais comuns é o golpe de identidade. Ali, uma pessoa tenta se passar por outra depois de ter acesso ao CPF, RG e nome completo de alguém cadastrado no plano de saúde.
Neste caso, cabe ao profissional não confiar apenas nos dados para liberar a teleconsulta. O mais indicado é verificar qual é a geolocalização do usuário, seja pelo smartphone ou número de telefone.
Outra fraude comum nos planos de saúde envolve o reembolso da consulta de consultas com especialistas que não estão no convênio. Algumas clínicas pedem os dados para solicitar o reembolso e aumentam o valor da consulta para receber mais do convênio.
O golpe do corretor é bem parecido, mas envolve uma terceira pessoa. Ao pedir o reembolso da consulta, esse “corretor” reseta a senha do paciente e faz diversas solicitações de estorno. Nesses casos, ele torna a própria conta bancária como “oficial” no plano de saúde e diz que fará uma remessa ao segurado, que recebe menos da metade do valor da consulta.
Médicos e empresas também precisam ficar de olho nos sequestros de dados. Criminosos invadem os sistemas dos planos de saúde ou prontuários online e impossibilitam o acesso dos dados de pacientes em troca de dinheiro. Neste caso, o mais indicado é recorrer às autoridades.
Aos pacientes, o essencial é tomar precauções básicas como nunca fornecer as senhas de acesso ao plano de saúde. Além disso, depois de ser atendido no hospital, o ideal é cortar a pulseira onde estão os dados antes de jogá-la no lixo. Nas consultas de telemedicina, o ideal é buscar por profissionais recomendados.