Ciência

Tempestade solar de 2024 gerou cinturões de radiação na Terra

Um dos cinturões pode ficar por mais tempo ao redor da Terra, prejudicando missões espaciais.
Imagem: NASA/Reprodução

A poderosa tempestade solar de maio de 2024, gerou dois cinturões temporários de radiação ao redor Terra, além de auroras magníficas, de acordo com a NASA. Um desses cinturões circunda o nosso planeta até hoje.

Cientistas da Universidade do Colorado, nos EUA, descobriram ambos os cinturões de radiação usando um pequeno satélite (cubesat) que voltou a funcionar recentemente. O satélite CIRBE (Experimento do Cinturão Interno de Radiação do Colorado), desenvolvido para estudar os Cinturões de Van Allen, que circulam a Terra, parou de funcionar em abril de 2024. Felizmente, o CIRBE retomou as operações em junho daquele ano, conseguindo estudar a tempestade solar do mês anterior.

Em um estudo publicado na última semana, pesquisadores da Universidade do Colorado detalham a formação dos novos cinturões de radiação ao redor da Terra. Segundo os cientistas, os cinturões temporários de radiação se formaram quando partículas carregadas da tempestade solar ficaram presas no campo magnético da Terra.

O fenômeno é similar aos cinturões de Van Allen, mas não são permanentes. Aliás, de acordo com a NASA, um desses novos cinturões de radiação podem ficar por mais tempo.

Cinturões de radiação temporários na Terra são comuns após tempestades solares, mas costumam durar, no máximo, um mês. Neste caso, os novos cinturões ao redor da Terra ficaram por mais tempo devido à magnitude da tempestade solar de 2024.

O primeiro cinturão, composto por elétrons, ficou por mais de três meses. O segundo, por outro lado, fica na região interna do campo magnético da Terra e contém um número considerável de prótons de alta energia.

Tal composição, como afirma Xinlin Li, principal autor do estudo, nunca foi vista em cinturões temporários de radiação.

Além disso, os cientistas acreditam que o cinturão rico em prótons ainda esteja presente ao redor da Terra devido a sua posição mais favorável.

Cinturões de radiação podem atrapalhar missões espaciais da Terra

Segundo David Sibeck, da NASA, a duração dos novos cinturões de radiação ao redor da Terra se deu pelo máximo solar. “O cinturão de prótons continua presente porque fica em uma região mais estável do campo magnético, sendo menos suscetível a tempestades solares subsequentes”, afirma Sibeck.

No entanto, a presença dessas partículas com grandes cargas energéticas nos cinturões temporários podem ser um risco para astronautas e espaçonaves. As partículas podem danificar componentes elétricos em satélites e aumentar o nível de exposição à radiação dos astronautas.

A NASA estima que o cinturão temporário pode ficar por um ano, ou seja: até o próximo mês de junho. Com isso, as agências espaciais precisam revisar os planos de futuras missões, como a Hera, da ESA, e a Europa, da NASA, ambas com previsão de lançamento em março.

Pablo Nogueira

Pablo Nogueira

Jornalista e mineiro. Já escreveu sobre tecnologia, games e ciência no site Hardware.com.br e outros sites especializados, mas gosta mesmo de falar sobre os Beatles.

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