Dois homens morreram depois que o Tesla em que viajavam bateu em uma árvore e pegou fogo no norte de Houston, nos Estados Unidos, no último sábado (17). Autoridades locais que estão investigando o caso acreditam que não havia ninguém no banco do motorista, o que teria provocado o acidente.
Segundo a estação local KPRC, havia uma pessoa no lado do passageiro e mais uma no banco traseiro. Autoridades disseram que o Tesla, que só foi identificado como um modelo 2019, estava viajando em alta velocidade e não conseguiu virar corretamente em um rua sem saída, saindo da estrada e batendo em uma árvore.
Mark Herman, policial de quatro distritos do condado de Harris, afirmou ao Wall Street Journal que autoridades ainda estavam investigando se o airbag do assento do passageiro da frente foi acionado. Eles também estão determinando se o sistema de assistência ao motorista do carro (o famoso piloto automático) foi ativado no momento do acidente.
Dados iniciais da investigação indicam que ninguém estava dirigindo o veículo. “Nossa investigação preliminar está determinando — embora não esteja completa — que não havia ninguém ao volante daquele automóvel. Temos quase 99,9% de certeza disso”, disse Herman.
A KPRC relata que o Tesla queimou por horas após a colisão, e foram necessários 145 mil litros de água para extinguir o incêndio porque as baterias do carro continuavam pegando fogo. A polícia chegou a ligar para a Tesla para perguntar aos funcionários da empresa como parar o com o fogo causado pelas baterias.
Página da Tesla pode gerar confusão
O incidente ressalta as limitações atuais do sistema de piloto automático do Tesla e também chama a atenção para a confusão sobre essa especificação. Em uma página de suporte de seu site dedicada ao sistema, que destaca justamente as funções de piloto automático e direção autônoma, a Tesla afirma que seus carros não são totalmente autônomos, e que ambos os recursos exigem “supervisão ativa do motorista”.
“O piloto automático e a capacidade de direção autônoma destinam-se ao uso com um motorista totalmente atento, que tenha as mãos ao volante e esteja preparado para assumir o comando a qualquer momento. Embora essas funções sejam projetadas para se tornarem mais capazes com o tempo, os recursos habilitados atualmente não tornam o veículo autônomo”, explica a Tesla na página de suporte.
No entanto, como apontado pelo Jalopnik, a descrição diz exatamente as palavras “Full Self-Driving”, algo como “direção totalmente autônoma” na tradução livre. Isso pode abrir interpretações de que o veículo, por mais que ele dependa do motorista o tempo inteiro, poderia ser autônomo e rodar sem interferência de um condutor humano. Obviamente, é um equívoco pensar que isso acontece.
Em 2018, a polícia parou um motorista em um Tesla Model S que estava bêbado e dormindo ao volante com o piloto automático ativado. Naquele mesmo ano, outro condutor, também de um Tesla Model S e que tinha o piloto automático ativado, colidiu com outro carro. O motorista, que disse estar olhando para o telefone no momento do acidente, processou a empresa por induzi-lo a pensar que o carro poderia operar com “o mínimo de controle”.
No início de 2020, a Administração Nacional de Segurança de Tráfego Rodoviário, órgão regulador de segurança automotiva dos EUA, abriu 14 investigações sobre acidentes envolvendo o sistema de piloto automático dos carros da Tesla.