TikTok pode ganhar recurso de deepfake em breve, e empresa tenta impedir uso nocivo da ferramenta

A ByteDance, proprietária do TikTok, vem secretamente criando um recurso de deepfake que permitirá aos usuários inserir seus rostos em vídeos, de acordo com uma matéria do TechCrunch. Embora o recurso ainda não esteja ativo, parece que o TikTok e o Douyin, o aplicativo irmão do TikTok na China, já têm o código para fazer […]
Foto: Getty Images

A ByteDance, proprietária do TikTok, vem secretamente criando um recurso de deepfake que permitirá aos usuários inserir seus rostos em vídeos, de acordo com uma matéria do TechCrunch. Embora o recurso ainda não esteja ativo, parece que o TikTok e o Douyin, o aplicativo irmão do TikTok na China, já têm o código para fazer varreduras biométricas de vários ângulos do rosto de um usuário. A digitalização pode ser inserida em alguns vídeos antes de ser compartilhada.

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As notícias parecem preocupantes, especialmente quando você considera como vídeos manipulados podem ser utilizados de maneira nociva para espalhar desinformação. Um exemplo é o vídeo viral falso em que Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, parece estar falando enrolado.

O TikTok também foi objeto de escrutínio nos últimos tempos, com acusações de que ele coletou dados de crianças, proibições militares e preocupações de segurança nacional.

O código em si foi descoberto pela Watchful.ai, uma startup israelense. Suas descobertas indicam que a ByteDance está ciente de que um recurso de deepfake pode não ser recebido muito bem. Por isso, parece que a empresa resolveu criar algumas salvaguardas.

Por exemplo, os usuários devem escanear o rosto de vários ângulos — uma medida que funciona como verificação de identidade e impede que alguém use uma única foto para criar vídeos manipulados sem consentimento.

Os usuários também poderiam colocar suas faces apenas em um número limitado de vídeos cujos direitos a ByteDance alega possuir. Por fim, quando se trata de compartilhar, os vídeos gerados apresentam marcas d’água para indicar que o conteúdo não é real.

A Watchful.ai também encontrou atualizações não publicadas nos termos de serviço do TikTok e Douyin em relação ao recurso deepfake. Eles reiteram que a “verificação de identidade” é necessária e que fotos não podem ser usadas. Também parece positivo o fato de que menores de idade não poderão ter acesso à ferramenta.

No entanto, nem o TikTok nem o Douyin parecem dispostos a admitir a existência desse recurso. Porta-vozes de ambos os aplicativos negaram as descobertas da Watchful.ai ao TechCrunch. O TikTok negou especificamente que isso seria um recurso futuro, mas também aparentemente inadvertidamente reconheceu que o código existia, declarando que os “fragmentos de código inativos estão sendo removidos para eliminar qualquer confusão”.

Essa desconexão entre os dois aplicativos parece reforçar as notícias recentes de que a ByteDance está fazendo o que pode para isolar o TikTok do restante de suas operações chinesas e, assim, evitar que surjam preocupações com espionagem. Em um e-mail para o Gizmodo, um porta-voz do TikTok disse: “O TikTok não está testando esse recurso, nunca o ofereceu e não tem intenção de oferecê-lo no futuro”.

É difícil dizer se o recurso deepfake será lançado nos EUA. É possível que seja uma novidade apenas para a China, ou ainda que a ByteDance pense que ele não compensa a possibilidade de uma repercussão negativa.

Mesmo assim, este não é o único aplicativo de mídia social a se interessar pela manipulação de vídeos por meio de filtros ou troca de rostos. O Snapchat, por exemplo, tem um recurso de troca de rostos há anos. O aplicativo chinês Zao deu um passo adiante, permitindo que os usuários colocassem a cara no corpo de atores famosos em pequenos clipes.

O problema é que, quanto mais sofisticadas essas ferramentas do deepfake se tornam, mais obscuras se tornam suas relações com propriedade intelectual, desinformação e possíveis abusos. Ainda não se sabe se outros aplicativos tentarão incorporar ferramentas desse tipo mais complexas em suas plataformas.

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