Trauma? Por que orcas estão atacando barcos na Europa

Baleia que se machucou ao colidir com barco ou armadilha pode ter adotado comportamento agressivo, adotado por outras orcas do grupo
orcas saltando para fora d'água
Imagem: NOAA Photo Library/Flickr/Reprodução

Três orcas atacaram e afundaram um barco no início de maio no Estreito de Gibraltar, na costa da Espanha. O capitão do barco disse à publicação alemã Yacht que a ação envolveu um trio de animais: de início, uma orca batia repetidamente contra o navio. Havia também duas orcas menores, que e balançavam o leme na parte de trás da embarcação, antes de imitar o comportamento da maior.

A guarda costeira resgatou a tripulação e rebocou o barco, que afundou na entrada do porto. O acidente aconteceu dias depois de um grupo de seis orcas – também, aparentemente, liderado por uma baleia maior – atacar outro veleiro que navegava no estreito.

Este é um fenômeno que pesquisadores observam desde 2020 e vem se tornando mais frequente, segundo um estudo publicado na revista Marine Mammal Science. Os ataques acontecem principalmente contra barcos à vela e seguem o mesmo padrão: as orcas se aproximam da popa para atingir o leme e perdem o interesse no barco assim que conseguem pará-lo.

Acredita-se que os ataques tornaram-se mais frequentes desde que um evento traumático desencadeou uma mudança de comportamento de uma orca, imitado pelo restante da população. A orca em questão seria uma fêmea chamada White Gladis, que se machucou ao colidir com um barco ou armadilha de pesca ilegal – e passou a atacar embarcações desde então.

Alfredo López Fernandez, um dos autores do estudo, afirmou àao sitr Live Science que, em mais de 500 eventos de interação registrados desde 2020, só três navios afundaram após um ataque. Os pesquisadores também estimam que as orcas tocam apenas um navio em cada cem que navegam por um local.

As orcas são criaturas sociais que podem facilmente aprender e reproduzir comportamentos realizados por outros indivíduos. Segundo os pesquisadores, elas parecem considerar que perseguir e atacar embarcações é vantajoso, apesar dos riscos que correm ao fazê-lo. 

Pode ser uma forma de brincadeira ou o que os pesquisadores chamam de “moda passageira”: um comportamento iniciado por um ou dois indivíduos e temporariamente captado por outros antes de ser abandonado.

“Não interpretamos que as orcas estejam ensinando [o comportamento] aos filhotes, embora o comportamento tenha se espalhado verticalmente para os filhotes, simplesmente por imitação, e depois horizontalmente entre eles, porque consideram algo importante em suas vidas”, disse López Fernandez.

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