Trump anuncia plano para salvar a ZTE após sua administração colocar a empresa em apuros
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta sexta-feira (25), um acordo para salvar a empresa chinesa ZTE, apesar da oposição de legisladores de ambos os partidos do país.
• A ZTE está em apuros após ser banida pelo governo dos Estados Unidos
Em uma curta série de tuítes publicada na sexta-feira, Trump disse que permitiria que a ZTE “reabrisse desde que houvesse garantias de segurança de alto nível, mudança de de gerenciamento e diretoria da empresa”. O acordo supostamente exigirá que a fabricante chinesa compre componentes dos EUA e pague uma multa de US$ 1,3 bilhão.
Senator Schumer and Obama Administration let phone company ZTE flourish with no security checks. I closed it down then let it reopen with high level security guarantees, change of management and board, must purchase U.S. parts and pay a $1.3 Billion fine. Dems do nothing….
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) 25 de maio de 2018
O Senador Schumer e a Administração Obama permitiu que a empresa de celulares ZTE prosperasse sem nenhuma checagem de segurança. Eu os fechei e então permitirei que eles reabram com garantias de segurança de alto nível, mudança de gerenciamento e diretoria da empresa, exigindo compras de peças dos EUA e o pagamento de uma multa de US$ 1,3 bilhão. Democratas não fizeram nada…
…but complain and obstruct. They made only bad deals (Iran) and their so-called Trade Deals are the laughing stock of the world!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) 25 de maio de 2018
…a não ser reclamar e obstruir. Eles apenas fizeram maus acordos (Irã) e seus chamados Acordos de Comércio são o motivo de chacota do mundo!
No discurso típico de Trump, ele envolveu na mesma conversa o senador democrata Chuck Schumer, o ex-presidente Barack Obama, e o acordo nuclear com o Irã – tudo em dois tuítes que pretendiam anunciar um acordo com a ZTE, negociado pelo Departamento de Comércio, de acordo com o New York Times.
O acordo parece ter um benefício claro para a ZTE, que já estava se preparando para cessar suas operações, após as medidas severas implementadas pela própria administração de Trump. No mês passado, o Departamento de Comércio anunciou que empresas americanas estavam proibidas de vender peças para a ZTE por sete anos.
A proibição, que prejudicou uma parte significativa dos negócios da ZTE, aconteceu meses depois de as agências de inteligência dos EUA alertarem que fabricantes chinesas de smartphones, incluindo Huawei e ZTE, poderiam usar suas tecnologias para espionar pessoas em nome do governo chinês.
Trump está prevalecendo sobre, basicamente, todos – aparentemente em resposta a um pedido do líder chinês Xi Jinping. Sob o acordo, a ZTE não só poderá comprar peças de empresas dos EUA novamente, como será obrigada a fazê-lo. Os detalhes das supostas “garantias de segurança” não foram divulgados.
A ZTE e a China provavelmente vão curtir o anúncio de Trump, porém ninguém mais no Capitólio, fora do Salão Oval, parece satisfeito com a medida. Legisladores de ambos os lados criticam o anúncio.
O senador Marco Rubio foi ao Twitter e disse que o acordo foi “um ótimo negócio” para a ZTE e para China, sugerindo que os Estados Unidos saíram perdendo. “A China quebra empresas americanas sem piedade e utilizam nossas companhias de telecomunicações para nos espionar o nos roubar”, escreveu, convocando o Congresso a agir para impedir o acordo.
Yes they have a deal in mind. It is a great deal… for #ZTE & China. #China crushes U.S. companies with no mercy & they use these telecomm companies to spy & steal from us. Many hoped this time would be different. Now congress will need to act. https://t.co/ETMUCe9ia6
— Marco Rubio (@marcorubio) 25 de maio de 2018
Sim, eles têm um bom negócio em mente. É um ótimo negócio… para #ZTE & China. A #China quebra empresas americanas sem piedade e utilizam nossas empresas de telecomunicações para nos espionar o nos roubar. Muitos esperavam que desta vez seria diferente. Agora o congresso precisará agir.
“Se a administração seguir com esse acordo, o presidente Trump estaria ajudando a tornar a China boa novamente”, disse o senador Chuck Schumer, que criticou Trump por não ser forte o suficiente sobre o caso ZTE. “Ambas as partes no Congresso devem se unir para impedir este acordo”.
If the administration goes through with this reported deal, President Trump would be helping make China great again. Would be a huge victory for President Xi, and a dramatic retreat by Pres Trump. Both parties in Congress should come together to stop this deal in its tracks. https://t.co/v6qNNa2MBy
— Chuck Schumer (@SenSchumer) 25 de maio de 2018
Se a administração seguir com esse acordo, o Presidente Trump estaria ajudando a tornar a China boa novamente. Seria uma grande vitória para o Presidente Xi, e um recuo dramático do Presidente Trump. Ambas as partes no Congresso devem se unir para impedir este acordo.
O mais louco de toda essa situação é que esse acordo para salvar a ZTE talvez não seja possível. De acordo com o Washington Post, o Senado está decidido a votar em uma Lei de Autorização de Defesa Nacional que contenha uma cláusula que torne difícil para a Casa Branca desfazer restrições à ZTE sem aprovação do Congresso, estabelecendo um potencial confronto entre o presidente e os parlamentares. Tudo para tentar salvar empregos na China.
Sinal verde para ZTE nos EUA é bom sinal para a Qualcomm
Como nada é por acaso, segundo fontes da Reuters, o órgão regulador chinês agora sinaliza que deve aprovar a aquisição da NXP pela norte-americana Qualcomm.
No início do ano a fabricante de chip baseada em San Diego anunciou a aquisição da empresa de semicondutores NXP em um negócio de US$ 44 bilhões. De acordo com analistas, a operação deve ajudar a Qualcomm a diversificar ainda mais sua operação na criação de chips para funcionar em veículos, e também uma forma de depender menos do mercado de smartphones.
A China foi o único país que mostrou objeções ao negócio — acredita-se fortemente que teve relação com a represália do governo norte-americano à ZTE.
[Washington Post, New York Times, Associated Press]
Colaborou: Guilherme Tagiaroli
Imagem do topo: Getty