Ucrânia registra sobrecarga de rede e apagões na internet
Enquanto a invasão russa ganha corpo na Ucrânia, cresce a preocupação quanto a um apagão total da internet no país. Isso serviria para silenciar jornalistas e defensores de direitos humanos, além de impedir que a população local tenha acesso à notícias e informações — ampliando a confusão e o caos.
Na cidade de Kharkiv, por exemplo, a segunda maior cidade ucraniana, já houve registros de interrupções nos serviços de internet desde o início dos ataques.
Ao site The Verge, a empresa Cloudflare afirmou ontem que a maior parte dos serviços de internet da Ucrânia ainda estavam operacionais, mas com 80% da capacidade normal no país. Em Kharkiv, o tráfego online estava 50% abaixo do normal.
O apagão parece afetar principalmente o provedor Triolan, que atende várias cidades ucranianas. Segundo usuários, a internet fixa estava fora do ar, mas os celulares continuavam funcionando.
O projeto Internet Outage Detection and Analysis (IODA), que monitora interrupções de acesso à internet, afirmou nesta sexta-feira (25) que um ataque por míssil derrubou os serviços de um provedor na região de Zaporizhzhya.
Também foi registrada uma interrupção significativa da internet na cidade portuária de Mariupol, na região separatista de Donetsk, como apontou a NetBlocks abaixo:
⚠️ Update: A significant internet disruption has been registered in the strategic port city of #Mariupol, Donetsk. The incident comes amid reports of civilian casualties and the loss of telecoms services for many.
📰 Report: https://t.co/S0qJQ7CbNv pic.twitter.com/sa2jhSyHyW
— NetBlocks (@netblocks) February 24, 2022
Falhas de telecom na Ucrânia
Como essas interrupções são parciais e pontuais, é provável que o problema seja decorrente da queda de energia e dos danos colaterais provocados pelos ataques russos às instalações militares ucranianas. Ou seja, por enquanto, ainda não há indicações de que esses apagões na internet sejam resultado de algo premeditado pela Rússia.
Por mais que os ataques aéreos e terrestres tenham como alvo locais estratégicos, ainda não há relatos de ataques concentrados aos serviços de telecomunicações do país. Para promover um apagão completo, seria necessário o uso de armas físicas para destruir as infraestruturas de telecom em toda a Ucrânia — incluindo provedores e torres de telefonia –, além de executar amplos ataques cibernéticos para silenciar os ucranianos.
Vale lembrar que apagões na internet já foram usados em ações militares no passado recente, como em ataques da Arábia Saudita ao Iêmen. Há cerca de um mês, cabos submarinos da cidade portuária iemita de Hodeidah foram danificados, deixando o país sem internet por pelo menos três dias.
Como a infraestrutura de internet é bastante diversificada na Ucrânia, com provedores locais e conexões com vários países vizinhos, a Rússia teria dificuldade para identificar uma única vulnerabilidade e colocar toda a Ucrânia em modo offline.
Sobrecarga de serviços
De acordo com o Wall Street Journal, o governo da Ucrânia alertou que as operadoras de telecomunicações no país estão enfrentando sobrecargas e falhas de serviço, por conta do uso excessivo da rede pelos ucranianos.
As autoridades recomendam que os usuários se comuniquem por mensagens de textos, caso não consigam realizar chamadas de voz.