Uma semana com os novos iPods

Depois de passar sete dias com os nossos novos iPods, nós decidimos deixá-los por aqui mesmo. Em se tratando de aparelhos para consumo de mídia, eles são bem bons. Mas, claro, nem tudo são flores.

Depois de passar sete dias com os nossos novos iPods, nós decidimos deixá-los por aqui mesmo. Em se tratando de aparelhos para consumo de mídia, eles são bem bons. Mas, claro, nem tudo são flores.

iPod Touch, o parceiro de vida multimídia

É fácil dizer que o novo iPod Touch é o melhor iPod Touch de todos. (E é.) Ele é impossivelmente fino. A traseira cromada arredondada dá a impressão de se estar segurando uma tela pendurada no ar na sua frente (pena que ela inevitavelmente fica arranhada com o tempo). Você só percebe exatamente quão fino o troço é quando conecta pela primeira vez algum fio nele: a grossura é exatamente a mínima para tornar possível os encaixes do cabo de dados e do fone de ouvido.

O preço da invisibilidade é que os botões de travar e de volume também se dissolvem na imperceptibilidade. Os botões de controle remoto e microfone do fone de ouvido também se foram, em um raro ato de mesquinharia cometido pela Apple contra um produto seu. É um mero detalhe, mas não deixa de ser emblemático das pequenas maneiras que a Apple conseguiu sabotar um pouco do potencial do novo Touch.

Dito isso, o Touch chega o mais perto possível de ser um iPhone 4 sem o telefone. Gravação de vídeo HD! FaceTime! Retina Display! Ainda assim, a Apple usa peças de menor qualidade, aparentemente para impedi-lo de ser isso. A tela retina é de qualidade perceptivelmente menor (os pretos viram cinzas em qualquer ângulo que não seja o reto). Ele só tem 256MB de RAM, metade do que o iPhone 4. Isso é que é estranho, dada a ênfase que a Apple tem colocado nos jogos avançadíssimos como sendo a função primária do iPod Touch, e visto que os modelos anteriores sempre eram tão ou mais rápidos quanto os iPhones de mesma geração.

A câmera traseira é decepcionante, mesmo sendo uma concessão à espessura do iPod. Graças à câmera bem menor que a do iPhone 4, as fotos não chegariam a um megapixel. E o vídeo em HD não é tão bom também. É difícil não desejar um iPod Touch com a câmera do iPhone 4, um que pudesse substituir as mais baratas câmeras point-and-shoots, flips e câmeras de celular que se amontoam nos fundos dos bolsos e bolsas por aí.

Mas a maior limitação do Touch se chama conectividade. Nós não vivemos em um mundo de Wi-Fi constante em todos os lugares, e o iPod pede para estar sempre conectado. Sem Wi-Fi não há Pandora. Não há Maps. FaceTime. Skype. Safari. E não existe uma opção de plano de dados 3G como no iPad.

Mas quando a Apple renovou a linha de iPods este ano, o novo Touch assumiu um novo papel. Ele não é mais o iPod caro e chique, nem o iPhone barato e capado. Ele é simplesmente o iPod.

(Clique aqui para ler o review completo do iPod Touch, por Matt Buchanan.)

iPod Nano: o player primário, com muito potencial

O iPod Nano 2010 é um bom mp3 player. É pequeno, a bateria parece durar para sempre, e a interface de usuário é ótima.

Este é o melhor player de música "puro" que existe atualmente, graças à combinação das suas especificações físicas e da sua interface. Ele pode não ser o mais bonito (me lembra alguns designs de "xing-lings"), mas a combinação do seu hardware com a interface faz dele um sucesso para qualquer um que queira um player de música extremamente simples, fácil de operar e sem apps complexos ou jogos. Especialmente para esportistas.

Esta coisa é pequena e extremamente leve. Grande o suficiente para permitir operação fácil na tela de toque, mas muito fina, com 9mm — incluindo a presilha. Com apenas 21g, eu esqueci onde ele estava preso na minha roupa até ter que trocar de playlist. E ele durou três dias sem precisar recarregar.

O fato é que, assim como o iPhone, o iPad e o iPod Touch, o hardware do Nano está ficando genérico, quase invisível, uma folha de vidro e metal. O iPod Nano é a última encarnação do paradigma da computação mutante, uma tela de toque com 240×240 pixels que é apenas uma plataforma para o software.

A única concessão ao mundo físico são os três botões, dois deles uma adição muito bem vinda: eu agora posso alterar o volume sem precisar olhar para a tela. Isso é coerente com o iPhone, iPad e iPod Touch, além de ser um claro avanço de interface em relação à obrigação de usar a clickwheel para isso no antigo Nano.

Com o iPod firmemente preso ao guidão da minha bicicleta, bem na minha frente, eu também posso aumentar ou diminuir o volume. E mais importante, eu posso acessar facilmente qualquer função do Nano com um único dedo, mesmo enquanto pedalo pelo parque. Esta é a maior vantagem deste novo design: a interface é rápida e funciona perfeitamente. Eu tinha medo que a tela seria pequena demais para o formato, mas funciona.

Mesmo sendo baseado em iOS (incluindo o wallpaper de gotas, que você felizmente pode trocar), o iPod Nano pega a interface do iPhone e a miniaturiza muito bem. Do sistema de telas lado a lado até os ícones dançantes que podem ser reorganizados nas posições que você quiser, tudo funciona como em um iPhone.

Mas poderia ser ainda mais como um iPhone. Eu quero aplicativos de terceiros, que sem dúvida vão aparecer em algum momento. Nada complicado, só coisas simples adaptadas para o pequeno formato. Aplicativos para verificar previsão do tempo, ou coisas como o Nike+, só que voltadas a outros esportes. Quero também mais conectividade – apesar de não ser fã da ideia de detonar a bateria ouvindo rádio por 3G. E eu quero uma câmera para FaceTime.

A única coisa realmente ruim do iPod Nano, porém, é que não dá para justificar o preço dele. Afinal, eu já uso meu telefone para músicas o tempo todo, carrego ele comigo o tempo todo. E eu não ando tanto de bicicleta assim. Mas para quem não usa o seu telefone para ouvir música e quer um gadget leve e especializado para isso, com uma interface simples, o Nano é impossível de não gostar.

(Clique aqui para ler o review completo do iPod Nano, por Jesús Díaz)

O novo Shuffle: no controle

Admitir quando se erra não é fácil. Mas com o iPod Shuffle 2010, a Apple se desculpa pelos erros da geração passada da melhor forma possível: consertando quase todos eles.

Este novo Shuffle, essa coisinha pitchuca de tocar mp3, é evolução e retrocesso em igual medida. Abandonando completamente o formato isqueiro da BIC do seu antecessor imediato, ele vem com uma versão truncada do design do Shuffle de 2006, com botões e tudo. E essa parte é a crucial.

Olhando para o último Shuffle e colocando o novo lado a lado, é até difícil acreditar que são da mesma linha. O minúsculo novo Shuffle tem uma clickwheel do tamanho de uma moedinha e pesa pouco o suficiente para ser essencialmente imperceptível – chegando ao ponto em que você precisa tomar cuidado para não esquecer que o deixou preso no bolso da camisa antes de entrar em uma reunião, como eu fiz.

[Foto: Macworld]

Mas o grande lance é a roda de controle. Se você não tem muita experiência com o Shuffle do ano passado, não se preocupe, você não está perdendo nada. O maior problema dele era a sua falta de controles. Não havia nenhum do aparelho. E apesar do formato ter lá a sua beleza, ter que usar os fones de ouvido da Apple para controlar tudo no iPod era um pesadelo.

Mas no novo Shuffle? Forma e função, baby! Tudo que você precisa para navegação está no corpo do aparelho, e ele também inclui os extras como VoiceOver, indicador de bateria, modo playback e entrada para headphone, todos coexistindo pacificamente no topo. Todo o resto é alumínio e bordas arredondadas, na sua escolha entre cinco cores geralmente encontradas em picolés de fruta no verão.

Reclamações quanto ao design? Se eu tiver que ser bem chato, vou dizer que o apoio da presilha fica muito próximo da borda do Shuffle, fazendo com que seja meio difícil prendê-lo ou desprendê-lo sem apertar o botão de retrocesso sem querer. Mas, sério, isso teve praticamente nenhuma influência no meu tempo de uso. Eu geralmente prendo o iPod antes de apertar play e desprendo depois de parar a música. Eu não consigo imaginar muitas situações em que este não seria o caso, mas estou citando porque tenho certeza que tem quem se importe com isso mais do que eu.

Não é que a Apple tenha descartado completamente o modelo do ano passado. Eles mantiveram o cérebro, a interface e a usabilidade que fizeram do controle por áudio do último Shuffle a sua principal qualidade — falta de controles físicos à parte.

Pressione uma vez o botão do topo do Shuffle, e o VoiceOver entra em ação te dar a lista de músicas. A voz sintética não é robótica demais e foi expandida para suportar 25 idiomas (11 a mais que ano passado). Ela não se atrapalha com palavras complicadas, e até mesmo os seus tropeços — "Blink Cento e Oitenta e Dois" — me parecem divertidos. É um ótimo recurso, com execução decente e sem muitas alterações em relação ao ano passado.

Dois apertões no botão superior te dão o tempo de bateria. E um apertão longo permite alternar entre playlists pré-carregadas, Genius Mixes, podcasts etc. O nível de esforço para apertar o botão corresponde de maneira interessante ao imediatismo da ação que você quer executar.

O Shuffle de 2010 é listado em 15 horas de execução contínua de músicas, mas durou mais próximo de 14 no meu teste. Isso é mais do que um dia inteiro, e bem mais do que suficiente. Infelizmente, mas compreensivamente, não há espaço para um conector de dock, então proteja com a sua vida aquele cabo USB incluso que liga na entrada do fone de ouvido.

O que falta? Uma tela, e tudo que vem com ela. Um rádio FM. Compatibilidade com WMA. Mais do que 2GB de armazenamento. Se você quer todas essas coisas (bem, exceto o lance do WMA), prefira um Nano.

(Clique aqui para ler o review completo do iPod Shuffle, por Brian Barrett.)

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