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US$ 2,59 trilhões, e contando: por que a Apple vale cada vez mais?

Nesta semana, o valor da companhia superou os US$ 2,59 trilhões. O bem mais precioso, claro, não são os iPhones -- mas a fidelidade dos clientes.

Imagem: Josh Edelson/Stringer (Getty Images)

A Apple nunca valeu tanto dinheiro. Nesta semana, o valor de mercado da companhia superou os US$ 2,59 trilhões — algo em torno de R$ 13,7 trilhões.

O que mais impressiona é a velocidade de valorização. Em agosto de 2020, a empresa da maçã se tornou a primeira companhia dos Estados Unidos a valer mais que US$ 2 trilhões. Agora, já se contam os dias para que ela supere a marca dos US$ 3 trilhões — algo que, segundo analistas, pode acontecer já em 2022.

A Apple lidera com folga em comparação a outras gigantes do Vale do Silício. A Microsoft, por exemplo, hoje tem valor estimado em US$ 2,25 trilhões. Em seguida vem a Alphabet (que controla o Google), com US$ 1,93 trilhão. Amazon, com US$ 1,77 trilhão, e Facebook, em torno de US$ 1 trilhão, vêm na sequência.

Mas por que, afinal, a Apple vale tanto?

A resposta curta é: porque ela dá muito lucro. No último balanço trimestral, referente ao terceiro trimestre de 2021, a Apple registrou lucro de US$ 21,7 bilhões. O montante representa alta de 93,2% (ou seja, quase o dobro) em comparação ao mesmo período de 2020. É nada menos que o recorde da história da companhia.

Como parte dos lucros de empresas de capital aberto costumam ser divididos com os investidores — e eles gostam de embolsar grana –, mais gente compra ações da companhia, seja para vendê-las depois ou para entrar na partilha dos lucros.

A Apple aumentou seus dividendos — a fatia do lucro que repassa aos acionistas — nos últimos oito anos e a expectativa é  que continue expandindo os pagamentos. Mais pessoas investindo significa mais dinheiro para alimentar novos projetos e vender mais, fazendo mais gente andar de iPhone novo no bolso.

Mas a resposta longa é um pouco mais complexa que isso.

A pandemia ajudou a Apple


Algo que precisa entrar na conta para explicar o sucesso dos últimos meses é o fator pandemia. Não é segredo que, com as medidas de isolamento social e com os consumidores (digo, as pessoas) passando mais tempo em casa, a busca por eletrônicos disparou. Todas as grandes marcas surfaram nessa onda. Só que ninguém se deu tão bem quanto a Apple.

Quem puxou o carro, claro, foram os iPhones. As vendas de celular subiram quase 50% no último ano. Contando o ano de 2020 inteiro, a Apple lucrou US$ 63,9 bilhões. É nada menos que o dobro da Samsung, a maior concorrente no mercado de smartphones. Com os temores de que uma falta global de chips pudesse derrubar drasticamente a produção, a companhia conseguiu antecipar uma potencial falta de componentes para seus notebooks e tablets. Com isso, o impacto financeiro foi menor do que o esperado — com as vendas do iPad subindo 12% e as do Mac, 16%.

O desempenho financeiro forte — que é reflexo das vendas — pode ser explicado pelo alto nível de fidelidade à marca. Desde sua fundação, nos anos 1980, a empresa acumulou uma legião de consumidores-fãs — que tratam de consumir cada item que a companhia se atreve a lançar no mercado. A precificação tem um papel importante nessa estratégia: quem não consegue comprar as versões Pro, mais caras e lotadas de recursos, pode conquistar o sonho do iPhone próprio nos últimos anos buscando modelos mais acessíveis.

A pesquisa 2021 Brand Intimacy COVID Study, feita pela agência americana de branding MBLM, que avaliou a conexão emocional de marcas com seus clientes durante a pandemia, prova isso. A Apple se mostrou a empresa mais capaz de fisgar o coração dos consumidores e levou a nota mais alta (74 em 100) entre todas as empresas avaliadas.

A fidelidade à Apple, de acordo com uma pesquisa feita nos EUA em março de 2021 pelo site SellCell.com, atingiu o ponto mais alto entre os donos de smartphones. 91,9% dos proprietários de iPhone planejavam comprar outro na próxima atualização — 1,4% a mais que em 2019. As motivações principais por trás da escolha são duas: 65% disseram gostar mais dos iPhones em relação à concorrência ou que nunca tiveram problemas com eles. Já outros 21% afirmam que estão “presos ao ecossistema” que a empresa criou. Eles consomem músicas no Apple Music, usam o iCloud para guardar arquivos, compram iPhones ainda na pré-estreia.

O bom desempenho de produtos bem consolidados deu fôlego ao projeto de expansão recente da marca. Nos últimos 10 anos, com Tim Cook à frente da companhia, a Apple expandiu seus domínios para muito além do iPhone — e de iPads, Apple Watches e Macs.



Forte no hardware e software, a Apple se jogou de cabeça no setor de serviços, e inaugurou recursos como a App Store e o iCloud, e colocou o “selo Apple” em outras plataformas — como a Apple Podcasts, Apple Music e Apple TV. Após romper uma parceria de anos com a Intel, a Apple começou, recentemente, a fabricar os próprios chips. Há planos, inclusive, de que a empresa lance sua própria versão de carro elétrico autônomo até 2024. Uma coisa é certa: ainda que tente entrar em um mercado que nunca explorou antes, o oferecimento de novos serviços com a marca Apple sempre vai despertar o interesse do público. Ter a maçã estampada, afinal, já se tornou sinônimo de confiança.
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