USP testa método de combate à dengue que faz o vírus matar o mosquito

Ideia é fazer o vírus se replicar tanto a ponto de causar a morte de mosquitos Aedes aegypti infectados - evitando que eles continuem a espalhar a doença. Entenda
Aedes aegypti.

Qual a melhor forma de combater o mosquito da dengue? Não deixar água parada, colocar telas em janelas e usar repelentes são algumas das principais. Mas um grupo de cientistas da USP acredita que a resposta possa estar dentro do próprio mosquito.

Pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas da USP estão desenvolvendo um novo método para combater a dengue “enganando” o vírus causador. A ideia é fazer o vírus se replicar tanto a ponto de induzir a morte dos mosquitos Aedes aegypti infectados, que são seu hospedeiro — evitando que eles continuem a espalhar a doença.

O estudo, iniciado em 2008, resultou na criação de uma proteína que usa o sistema de replicação viral e ativa a morte celular nos mosquitos. A equipe conseguiu eliminar cerca de 30% das fêmeas infectadas, e trabalha para melhorar essa eficiência. Os primeiros resultados do estudo foram publicados em artigo na revista Scientific Reports.

O vírus da dengue é composto de RNA que produz uma poliproteína ao entrar na célula hospedeira e usa suas enzimas para montar a partícula viral. A protease específica do vírus N2B/NS3 é responsável pela ativação da proteína em questão.

A equipe conseguiu construir uma “proteína quimérica” que, quando entra em contato com as partículas virais, resulta na liberação da proteína Mx. Essa proteína desencadeia a morte celular programada nos mosquitos infectados pelo vírus da dengue tipo 2.

Segundo o artigo, é possível criar um mosquito transgênico com a forma inativa da proteína Michelob-x (Mx), que é ativada apenas na presença do vírus da dengue tipo 2. Isso resultaria em uma taxa de mortalidade significativamente maior nos mosquitos infectados.

Com mosquitos infectados prosperando menos em ambientes urbanos, o risco de transmissão da doença seria menor. Assim, o A. aegypti seria apenas uma praga, igual a outro mosquito — e não o vetor de uma doença grave.

O projeto também busca criar linhagens transgênicas de mosquito para conter o avanço outras arboviroses, como febre amarela, zika e chikungunya, e espalhá-las naturalmente para erradicar a transmissão dessas doenças.

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