Médicos encontram evidências de que doença ligada a cigarros eletrônicos é causada por vitamina E
Autoridades federais de saúde dos EUA anunciaram um avanço na solução do mistério de por que as pessoas estão ficando seriamente doentes por causa de vaporizadores e cigarros eletrônicos. Eles detectaram acetato de vitamina E — uma forma oleosa e sintética da vitamina, que é comumente adicionada aos produtos de THC para vaporizadores comprados no mercado paralelo — em amostras de fluido pulmonar retiradas de todos os pacientes que fizeram exames até agora.
Há meses, autoridades da saúde e médicos suspeitam que o acetato de vitamina E possa estar causando casos da condição que agora é conhecida como EVALI (sigla em inglês para “lesão pulmonar associada ao uso de produtos de cigarro eletrônico ou vaporizador”).
No passado, a inalação de óleos tinha sido implicada como uma causa rara de pneumonia. E testes de produtos de vaporizador vinculados a casos de EVALI descobriram acetato de vitamina E. Mas, de acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC, na silga em inglês), as evidências de seu papel até esse momento tinham sido inteiramente circunstanciais.
Durante sua conferência de imprensa na sexta-feira (8), os funcionários do CDC divulgaram os resultados de laboratório de exames de 29 pacientes com EVALI de todo o país. Todos os pulmões tinham a presença de acetato de vitamina E. Outros produtos químicos possivelmente encontrados em produtos para vaporizadores que poderiam ter causado essas lesões, como óleo vegetal ou mineral, não foram vistos em lugar algum, no entanto.
“Essas descobertas fornecem evidências diretas de acetato de vitamina E no local primário de lesões nos pulmões”, disse Anne Schuchat, principal diretora adjunta do CDC, na conferência de imprensa. Schuchat disse que esses resultados representam um avanço na pesquisa das causas do EVALI.
Os resultados do laboratório também destacam outros aspectos comuns a pacientes com EVALI: uma história de uso recente de produtos de THC para vaporizadores. O THC foi encontrado em 82% das amostras de fluidos, enquanto a nicotina foi encontrada em 62% das amostras.
Curiosamente, o THC também foi encontrado em três pacientes que relataram não ter usado o THC. Isso dá suporte a uma teoria de que a minoria dos casos de EVALI ligados ao uso exclusivo de produtos de nicotina pode ser ainda menor do que parece. Atualmente, esses casos representam cerca de 11% de todos os pacientes com a doença.
Apesar dos resultados, os funcionários do CDC ainda não estão descartando que um pequeno número de casos possa ter sido causado por cigarros eletrônicos de nicotina. Por enquanto, a agência continua a alertar que as pessoas evitam todos os produtos para vaporizadores e cigarros eletrônicos, especialmente os produtos THC do mercado paralelo.
Deixando de lado os cigarros eletrônicos, também é provável que o acetato de vitamina E não seja o único produto químico suspeito que poderia estar por trás do EVALI. Pode muito bem haver outros aditivos oleosos e, pelo menos, alguns médicos não encontraram evidências de pneumonia causada por óleo em seus pacientes, indicando que outros produtos químicos nesses produtos podem danificar os pulmões das pessoas de uma maneira diferente.
Embora os casos relatados recentemente de EVALI tenham começado a desacelerar nas últimas semanas, o surto não parece ter acabado. Dados atualizados até o dia 5 de novembro indicam 2.051 casos EVALI relatados ao CDC em 49 estados, além de 39 mortes.