Vem aí o Carnaval sustentável: pesquisa desenvolve o glitter vegano

Você vai continuar brilhando sem prejudicar o meio ambiente

O glitter -aquele brilhinho que faz sucesso em comemorações como Carnaval, festas e fantasias- é um grande risco para o meio ambiente. Apesar de pequeno, os estragos são imensos.

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Por serem microplásticos, esses produtos não são removidos facilmente no tratamento do lixo ou do esgoto e acabam contaminando o solo, rios e mares, além de prejudicar a fotossíntese das algas. Na Europa, a indústria de cosméticos usa cerca de cinco mil toneladas de microplásticos por ano.

Pensando nisso, pesquisadores da Universidade de Cambridge, nos Estados Unidos, desenvolveram um glitter à base de celulose que pode resolver todos esses problemas.

Vai seguir brilhando, mas agora com segurança e sustentabilidade. As descobertas foram publicadas na Nature Materials

Como foi descoberto

Para que isso fosse possível, os cientistas utilizaram um processo chamado coloração estrutural, em que as partículas microscópicas dobram as ondas de luz de tal forma que produzem pigmentos. Exemplo disto são as penas cintilantes de pavão ou as asas das borboletas. 

Os primeiros materiais que a equipe produziu foram à base de polpa de madeira. Contudo, os pesquisadores explicam que qualquer produto vegetal com celulose facilmente extraível pode ser utilizado no processo de confecção do glitter biodegradável; desde algodão e cascas de manga a banana e borra de café.

Crédito: Benjamin Drouguet

O processo de automontagem -para formar as estruturas- consiste em alinhar os cristais da polpa e depois retorcer. Para que isso, de fato, virasse glitter, os pesquisadores tiveram que criar filmes de celulose em grande escala, embalando-os em água. À medida em que a água evapora, ela força os materiais a se contraírem, levando a automontagem àqueles em espiral, cores que refletem a luz.

Benjamin Droguet, pesquisador do departamento de química de Cambridge e primeiro autor do artigo, explicou que os nanocristais de celulose são organizados de forma que possam dar cor, ou seja formam uma estrutura helicoidal (formato de hélice), o que significa que as camadas giram como se dispostas em uma espiral.

Filme de nanocristal de celulose que foi removido com sucesso de seu substrato. Foto: Benjamin Drouguet

O cientista aponta que basta imaginar uma escada para entender. Segundo ele, a forma de controlar a cor é simplesmente mudando o tamanho dessas helicoides, para que possamos imaginar uma escada com níveis que estão em distâncias diferentes entre si. Quanto maiores as características, mais longos os comprimentos de onda da luz que serão refletidos (veja nesta imagem).

Foto: Krishnavedala (Wikipedia)

 

Após a produção, os cientistas os trituraram os filmes em partículas do tamanho usado para fazer o glitter. As estruturas resultantes são biodegradáveis, sem plástico e não tóxicas.

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Silvia Vignolini, professora do Departamento de Química de Cambridge, disse em comunicado que a equipe espera que o produto possa revolucionar a indústria de cosméticos ao fornecer um pigmento e glitter totalmente sustentáveis, biodegradáveis ​​e veganos.

E ainda que a otimização do processo ainda seja necessária, os pesquisadores querem formar uma empresa para disponibilizar comercialmente a purpurina e glitter nos próximos anos.

[Phys]

 

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