Conheça os vencedores da edição de 2016 do Prêmio Crafoord, que levaram US$ 700.000 para casa
A Academia Real das Ciências da Suécia divulgou os vencedores do prestigiado Prêmio Crafoord, homenageando três cientistas que fizeram realizações notáveis na física dos buracos negros e em um tipo especial de geometria.
Estabelecido em 1980 pelo industrialista Holger Crafoord, o Prêmio Crafoord reconhece conquistas de destaque nas ciências. O prêmio vai para vencedores em astronomia e matemática, geociência, biociência, e poliartrite – doença que Holger Crafoord sofria. O prêmio é dado para um assunto por ano – a cada quatro anos o ciclo de premiação recomeça – e por isso a homenagem é especialmente grande. E também acompanha um gordo cheque de US$ 700.000.
Neste ano, o prêmio de astronomia foi compartilhado por dois cientistas que nos ajudaram a entender o funcionamento dos buracos negros. O primeiro é Roy Kerr. Desde 1915, cientistas podem descrever a geometria do espaço-tempo ao redor de buracos negros que não giram graças à teoria geral da relatividade de Albert Einstein. Mas a geometria do espaço-tempo ao redor de um buraco negro em movimento – em particular de um que está girando – é mais difícil de se descrever. Ainda assim, astrônomos acreditavam que, como as estrelas originais giram, elas devem continuar fazendo isso até mesmo após entrar em colapso e virarem um buraco negro. Kerr encontrou a solução nas equações de Einstein em 1963 com a Métrica de Kerr.
Apesar de nada (nem mesmo a luz) conseguir escapar de um buraco negro depois que ele passar o horizonte de eventos – um ponto sem retorno – buracos negros liberam jatos potentes de partículas energéticas como resultado das suas energias rotacionais. Quem compartilha o prêmio de astronomia com Kerr é Roger Blandford, que descreveu como esses jatos ocorrem. O gás cai na direção deles, aquecendo enquanto descende, e parte da sua massa é convertida em energia. Esses são os jatos eletricamente carregados de partículas observados sendo disparados de buracos negros.
O prêmio de matemática vai para Yakov Eliashberg, pela geometria simplética. As formas iniciais de geometria simplética foram usadas para simplificar mecânicas clássicas – como a descrição de Newton de como a lua orbita a Terra. Conforme nosso entendimento de movimento expandiu, o mesmo aconteceu com o escopo da geometria simplética. Eliashberg, que começou seu trabalho nos anos 1980, descobriu algo novo. Em algumas vezes a realidade de um objeto, sua forma e movimento, pode ser surpreendentemente flexível. Ele pode ser dobrado e torcido em perder suas proporções. Em outros momentos, o objeto permanece rígido. Até agora, matemáticos não sabem exatamente qual é o limite entre a rigidez e a flexibilidade, mas graças a Eliashberg sabemos que isso é possível.
A cerimônia de entrega dos prêmios será realizada em maio na Acadêmia Real das Ciências da Suécia. Nossas sinceras congratulações aos laureados.
Imagem: XMM-Newton, ESA, NASA