Cientistas revelam a estrutura oculta e o real tamanho de nossa galáxia
Nossa galáxia não é como pensávamos que era. De acordo com um estudo publicado no Astrophysical Journal, a Via Láctea tem um formato ondulado, e ainda mais surpreendente: ela é 50% maior do que se acreditava.
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De acordo com Heidi Jo Newberg, professora do Instituto Politécnico Rensselaer e autora principal deste estudo, a Via Láctea não é um disco de estrelas em um plano – ela é ondulada. Na verdade, é possível ver pelo menos quatro ondulações concêntricas no disco da Via Láctea, à medida que a luz irradia a partir do Sol.
Estruturas antes identificadas como anéis são, na verdade, uma parte do disco galáctico. Elas são encontradas a uma distância de até 150 mil anos-luz do centro da galáxia; até então, acreditava-se que a Via Láctea tinha uma dimensão de 100.000 anos-luz. Isso significa que a Via Láctea é pelo menos 50% maior do que se costuma estimar.
Yan Xu, cientista do Observatório Astronômico Nacional da China e também autora do estudo, explica em um comunicado:
Astrônomos observaram que o número de estrelas da Via Láctea diminui rapidamente a cerca de 50.000 anos-luz do centro da galáxia, e, em seguida, surge um anel de estrelas a cerca de 60.000 anos-luz do centro. O que vemos agora é que este suposto anel é na verdade uma ondulação no disco. E talvez existam outras ondulações mais distantes que nós ainda não vimos.
Por que a Via Láctea teria esse formato ondulado? Provavelmente por causa da matéria escura: trata-se de um misterioso componente do universo, que não emite radiação eletromagnética (luz, ondas de rádio etc.), não é antimatéria nem forma buracos negros.
Pesquisas recentes sugerem que uma massa de matéria escura, ou até mesmo galáxias anãs – compostas 99% de matéria escura – produziriam um efeito de ondulação ao passar através da Via Láctea. Newberg explica no comunicado:
Isso é muito parecido com o que acontece se você jogar uma pedra na água parada: as ondas irradiam para fora do ponto de impacto. Quando uma galáxia anã atravessa o disco, ela puxa gravitacionalmente o disco enquanto entra, e puxa o disco para baixo ao atravessá-lo. Isso cria um padrão de onda que se propaga para fora.
As ondulações na Via Láctea podem, no futuro, ser utilizadas para medir a presença de matéria escura em nossa galáxia. [RPI News via Science, Space & Robots]
Foto por Bo Insogna/Flickr; imagens por Heidi Newberg/Rensselaer Polytechnic Institute