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Vício em café e cigarro pode transformar sua estadia no hospital num pesadelo

Fumantes e vidrados em café podem ter sérios problemas se acabarem internados, sugere uma pesquisa preliminar. Pacientes em Centro de Tratamento e Terapia Intensiva (CTI) geralmente sofrem sintomas de abstinência da cafeína e nicotina. O pior é que os médicos podem confundir esses sintomas, levando a tratamentos ou testes desnecessários. Os autores desta pesquisa, apresentada […]

Mão de uma pessoa apertando botão para chamar enfermeiro

Theo Heimann/Getty Images

Fumantes e vidrados em café podem ter sérios problemas se acabarem internados, sugere uma pesquisa preliminar. Pacientes em Centro de Tratamento e Terapia Intensiva (CTI) geralmente sofrem sintomas de abstinência da cafeína e nicotina. O pior é que os médicos podem confundir esses sintomas, levando a tratamentos ou testes desnecessários.

Os autores desta pesquisa, apresentada na semana passada durante o encontro anual da European Society of Anesthesiology (Sociedade Europeia de Anestesiologia), conduziram uma análise da literatura médica em pessoas que estavam lidando com sintomas de abstinência na CTI. Eles revisaram 12 estudos envolvendo quase 500 adultos tratados na UTI entre 2000 e 2018.

Eles descobriram que fumantes que ficaram sem doses de nicotina tinham duas vezes mais chances de se sentirem agitados durante o tratamento intensivo, comparado com não-fumantes (64% contra 32%). Essa agitação fez com que fosse mais provável terem seus tubos de intubação ou itens de administração intravenosa deslocados (14% de deslocamentos causados pela agitação em fumantes comparados com 3% dos não-fumantes), o que pode ser prejudicial e impactar na recuperação.

A abstinência de cafeína, por sua vez, estava ligada a sonolência, náusea, vômito, dores de cabeça e uma maior taxa de delírio (uma condição complexa marcada pela debilitação cognitiva).

Esses problemas físicos são apenas parte de um todo, de acordo com a autora líder Maya Belitova, professora associada na Medical University of Sofia, na Bulgária.

“Esses sintomas lembram condições como a meningite, encefalite e hemorragia intracraniana – o que pode confundir o diagnóstico clínico e resultar em testes desnecessários que podem causar danos ao paciente, custar muito dinheiro e perda de tempo”, disse Belitova em um comunicado publicado pela European Society of Anesthesiology.

A falta de familiaridade que os médicos tem com os sintomas da abstinência de nicotina e cafeína também torna difícil de saber qual é a melhor maneira de ajudar os pacientes na CTI que sofrem dessas condições, disseram Belitova e seus colegas.

Algumas das pesquisas que foram analisadas, por exemplo, sugerem que injeções de cafeína podem aliviar as dores de cabeça relacionadas com a abstinência, mas existe pouca evidência de seus efeitos nos pacientes de CTI. E enquanto a terapia de substituição da nicotina deveria ajudar nos sintomas de abstinência, existem evidências de que isso poderia contribuir para um risco maior de delírio prolongado, que pode piorar as chances de recuperação.

“Pacientes da CTI podem se beneficiar com a substituição de nicotina ou suplementação de cafeína, mas com pouca evidência de sua efetividade, isso deve ser deixado para o julgamento dos médicos responsáveis”, disse Belitova.

O potencial para confusões é grande. De acordo com informações da Organização Internacional do Café, o brasileiro consome, por ano, cerca de 81 litros da bebida – cerca de uma xícara por dia. Além disso, dados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2013 mostram que 14,7% dos brasileiros acima dos 18 anos são fumantes.

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