O vídeo do paraquedista que sofreu convulsão no ar, e a tecnologia que evita acidentes
Eu resisti um pouco antes de assistir o vídeo abaixo. “Homem tem convulsão durante paraquedismo” não é o título mais convidativo, especialmente para quem já teve casos de perda de consciência na família. Mas o resgate em queda livre é emocionante – e não deveria deixar você com medo de experimentar esportes radicais.
O incidente aconteceu na Austrália. Christopher Jones, 22, estava em treinamento de paraquedismo e saltou de um avião a 3.600 m com o instrutor Sheldon McFarlane, da Skydiving Academy.
A 2.700 m de altura, Jones tentou virar para a esquerda e sofreu o ataque epiléptico. Ele diz que “apagou” por 30 segundos, e só recuperou a consciência a 900 m do chão. Felizmente, O’Neill conseguiu chegar a ele a 1.200 m de atura, ativando seu paraquedas.
É importante notar que o instrutor apenas foi precavido, pois todo paraquedas moderno possui um sistema de segurança para evitar acidentes. O “dispositivo de ativação automática” (ou AAD) abre o paraquedas em uma altitude predeterminada. Ele é composto por quatro partes:
- um pequeno computador, do tamanho de uma caixinha de chiclete;
- uma bateria que dura por anos;
- uma tela, para ativar o dispositivo e monitorar sua atividade;
- o cortador.
O AAD se conecta ao paraquedas através de dois cabos. O computador detecta a altitude e, quando for a hora certa, ativa o cortador: ele abre o circuito de fechamento e ativa o paraquedas.
De baixo para cima: a tela, o cortador e o computador com bateria (Cypress)
Robin O’Neill, que comanda a Skydiving Academy, explica à ABC News:
A academia fornece dois computadores, chamados de AADs: um é para o paraquedas principal, e outro é para o reserva. Estes são computadores sensíveis à altura e velocidade. Então, se Sheldon não tivesse se aproximado quando viu que Christopher estava inconsciente, os computadores teriam feito o seu trabalho: o paraquedas principal teria disparado, e se isso não acontecesse, o paraquedas de reserva teria se aberto automaticamente.
Uma das principais fabricantes de AADs é a Cypress. Eles têm quatro modelos: um deles é o Student, que ativa o paraquedas a 300 – 225 m de altitude. Esse valor pode ser reprogramado, caso o instrutor queira.
A Cypres diz que seus AADs salvaram 2.000 vidas desde 1994. A Vigil, outra grande fabricante, diz que seus dispositivos salvaram outras 211 pessoas. Este vídeo mostra o AAD em funcionamento:
Também vale notar que Jones tem um histórico de epilepsia. Ele disse à ABC News que não sofria convulsões há quatro anos, e achou que poderia pular de paraquedas. Segundo o instrutor O’Neill, o médico de Jones escreveu uma carta dizendo especificamente que ele estava apto ao paraquedismo.
Jones tinha um sonho de ser piloto de avião, mas a epilepsia não deixou isso acontecer. Por isso, ele resolveu experimentar o paraquedismo. Infelizmente, ele terá que riscar o esporte radical da lista.
A queda aconteceu em novembro de 2014, mas Jones diz que só resolveu postá-la esta semana no YouTube pois está de folga viajando pelo mundo. [ABC News, NBC News, The Guardian]