Paraplégico consegue andar usando sinais remapeados do cérebro para os joelhos
Uma equipe de cientistas conseguiu remapear os sinais do cérebro de um homem paraplégico até os joelhos dele, permitindo que o rapaz usasse as próprias pernas pela primeira vez em cinco anos.
>>> O exoesqueleto de Miguel Nicolelis, um ano depois
O Guardian explica o trabalho dos pesquisadores na Universidade da Califórnia em Irvine (EUA). Eles desenvolveram um sistema que captura ondas cerebrais usando eletroencefalograma (EEG) com uma touca de eletrodos, e envia essas ondas por Wi-Fi para um computador.
Lá, uma série de algoritmos processam os dados para interpretar se o rapaz deseja ficar em pé ou se sentar. Então, são enviados comandos a microcontroles que disparam impulsos aos nervos do joelho, movendo os músculos da perna.
O sistema foi testado em um rapaz de 26 anos preso a uma cadeira de rodas desde que um acidente o deixou paralisado da cintura para baixo há cinco anos, quando a coluna vertebral dele foi rompida. Ele passou por 20 semanas de treinamento durante a montagem do experimento, melhorando a força muscular de suas pernas, e aprendendo a criar os sinais cerebrais corretos para ativar o dispositivo.
E funcionou: usando um andador e apoios para evitar que ele caísse, o rapaz pôde usar as próprias pernas para andar um percurso de 3 a 5 m. O experimento demonstra que é possível usar sinais cerebrais e remapeá-los para uma área danificada usando apenas componentes eletrônicos. A pesquisa do processo foi publicada no Journal of NeuroEngineering and Rehabilitation.
Os pesquisadores apontam, entretanto, que eles apenas testaram a técnica em um único paciente. São necessárias muitas outras tentativas para determinar se ela pode ser usada com sucesso por um grande número de pessoas. E enquanto o paciente pode andar por 3 a 5 m, o computador hesitou em alguns momentos: os pesquisadores alegam que os sinais cerebrais necessários para o equilíbrio podem ser confusos para os usuários que controlam a caminhada.
E caso a técnica seja usada para ajudar as pessoas a andarem livremente, a equipe precisa se livrar do computador externo que é necessário atualmente. Mas os pesquisadores dizem que isso poderia ser resolvido através de um implante que contenha essa interface cérebro-computador.
Ainda estamos um pouco longe de restaurar as habilidades de caminhada de um paraplégico — mas hoje, pesquisadores deram mais um grande passo para fazer isso acontecer. [The Guardian]