Vítimas da Boate Kiss ameaçam processar Netflix por exploração financeira

Lançamento de filme semi-ficcional é alvo de críticas por familiares das vítimas, que planejam pedir indenização ao serviço de streaming
Vítimas da Boate Kiss ameaçam processar Netflix por exploração financeira
Imagem: Netflix/Reprodução

Um grupo de familiares de vítimas do incêndio da Boate Kiss cogitar iniciar um processo contra a Netflix por causa da série “Todo Dia a Mesma Noite”, lançada no último dia 25. A trama, inspirada no livro homônimo da jornalista Daniela Arbex, relembra a luta das famílias nos 10 anos da tragédia. 

Segundo o grupo, a plataforma de streaming lucra em cima do incêndio que matou 242 jovens em janeiro de 2013, na cidade gaúcha de Santa Maria. 

“Nós fomos pegos de surpresa, ninguém nos avisou, ninguém nos pediu permissão”, disse o empresário Eriton Luiz Tonetto Lopes ao jornal Zero Hora. A filha dele, Évelin Costa Lopes, à época com 19 anos, morreu no episódio. 

“Há pais passando mal por causa da série. O mínimo que exigimos agora é que uma parte do lucro seja repassado para tratamento de sobreviventes e para a construção do memorial da Kiss. Nós não queremos nenhum dinheiro para nós”, pontuou. 

Agora, o grupo deve buscar diálogo com a Netflix e um esclarecimento sobre o destino dos lucros da séries. Como muitos pais recorrem à ajuda psicológica por causa do material, os familiares não descartam uma ação coletiva por danos morais.

Drama dificultou aceitação

A mobilização começou depois que os familiares se depararam com uma série semi-ficcional sobre o incêndio. Até então, o mais comum era ver documentários ou materiais jornalísticosque retrataram o episódio. No caso da série, trata-se de um drama inspirado em personagens reais.

É o caso da atriz Debora Lamm, que interpreta a mãe de Mari, uma personagem ficcional inspirada em uma das vítimas da tragédia. Na vida real, Debora se inspirou em Ligiane Righi da Silva, mãe de Andrielle, que morreu por inalação de fumaça tóxica enquanto comemorava seu aniversário de 22 anos na boate.

“Hoje ela me inspira muito, muito, muito. Ela está até hoje vivendo a dor dessa perda, mas ao mesmo tempo transformou essa dor em luta, força. É uma mulher invulnerável, uma fortaleza”, contou Lamm, em entrevista ao Giz Brasil.

Pedimos o posicionamento da Netflix, que não respondeu até a publicação desta reportagem. 

Julia Possa

Julia Possa

Jornalista e mestre em Linguística. Antes trabalhei no Poder360, A Referência e em jornais e emissoras de TV no interior do RS. Curiosa, gosto de falar sobre o lado político das coisas - em especial da tecnologia e cultura. Me acompanhe no Twitter: @juliamzps

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