Aliados dos EUA foram espionados pelo NSO Group em 2019, afirma WhatsApp

Empresa diz que cerca de 1,4 mil pessoas, entre elas governantes e aliados do governo estadunidense, foram espionadas por software israelense.
Imagem: Lionel Bonaventure/AFP (Getty Images)
Imagem: Lionel Bonaventure/AFP (Getty Images)

O chefe do WhatsApp, Will Cathcart, disse na semana passada que a investigação sobre o spyware Pegasus, do NSO Group, coincide com o que o aplicativo descobriu sobre um ataque a seus usuários em 2019. De acordo com o executivo, 1,4 mil pessoas que usam o mensageiro foram alvos de spyware da NSO, e entre ela estão líderes governamentais em vários países.

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Em entrevista publicada pelo jornal britânico The Guardian no último sábado (24), Cathcart afirmou que o ataque de 2019 tinha como vítimas altos funcionários do governo em todo o mundo, incluindo indivíduos na segurança nacional que são “aliados dos Estados Unidos”. A invasão de mais de mil de seus usuários levou o Facebook, empresa controladora do mensageiro, a processar a NSO em 2019. Na ação, a companhia alega que outros usuários-alvo incluíam advogados, jornalistas, ativistas de direitos humanos, dissidentes políticos e diplomatas.

Um telefone infectado com o spyware Pegasus pode fornecer um resumo extremamente detalhado da vida da vítima. Os clientes que o usam podem coletar dados de localização, registros de chamadas e contatos. A câmera e o microfone do telefone também podem ser roubados para monitorar o usuário. O Pegasus é assustadoramente fácil de instalar, podendo infectar um aparelho quando a vítima clica em um link malicioso, mas também sem depender de cliques.

Cathcart disse que a investigação, que foi realizada por um consórcio de 17 veículos de imprensa, foi “muito consistente” com o que o WhatsApp condenou em 2019. “Este deve ser um alerta para a segurança na internet. Os telefones celulares são seguros para todos ou não são seguros para todos”, declarou Cathcart ao The Guardian, que faz parte do consórcio.

Além disso, o chefe do WhatsApp lançou dúvidas sobre a resposta da NSO à investigação. A empresa de segurança israelense chamou muitas das alegações na investigação de “teorias não corroboradas”. Também classificou como exagero uma lista vazada com mais de 50 mil números de telefone e negou que essa lista tenha qualquer relação com seus clientes.

Cathcart também pediu mais responsabilidade para os desenvolvedores de spyware, sublinhando que os clientes governamentais da NSO são os que financiam suas operações. A NSO descreveu seus clientes como 60 agências de inteligência, militares e policiais em 40 países. Ela alega que seus clientes, que não são divulgados por questões de confidencialidade, só têm permissão para usar o software Pegasus para prevenir e investigar crimes e contraterrorismo.

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Em resposta aos comentários de Cathcart, um porta-voz da NSO disse ao The Guardian que o objetivo da empresa era criar um mundo mais seguro. “Estamos fazendo o nosso melhor para ajudar a criar um mundo mais seguro. O Sr. Cathcart tem outras alternativas que permitem às agências de aplicação da lei e de inteligência detectar e prevenir legalmente atos maliciosos de pedófilos, terroristas e criminosos usando plataformas de criptografia de ponta a ponta? Nesse caso, ficaríamos felizes em ouvir”, declarou, em tom de alfinetada.

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