WhatsApp se torna mais uma vítima da nova onda de censura na internet da China

Relatos de usuários apontam que o acesso ao WhatsApp tem sido constantemente bloqueado na China

O Facebook está desesperado para fazer negócios na China, mas as autoridades do país estão cada vez mais confortáveis com a ideia de desativar empresas estrangeiras e aumentar as restrições na comunicação por meio da internet. Na terça-feira (18), o único grande produto do Facebook que ainda é permitido pelas autoridades foi vítima do “Grande Firewall”, e todos os sinais indicam que a China está entrando em uma nova era de censura.

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De acordo com o New York Times, usuários do WhatsApp na China estão relatando interrupções generalizadas no aplicativo de mensagens. O app supostamente teria sido bloqueado parcialmente pelo grande sistema de filtro que as autoridades utilizam para limitar a liberdade de expressão na internet. Os usuários não conseguiam enviar fotos, vídeos e, em alguns casos, nem mesmo mensagens de texto. Analistas de segurança confirmaram ao Times que as interrupções tinham como origem o governo. Nadim Kobeissi, criptógrafo da Symbolic Software, disse ao jornal que “de acordo com as análises realizadas hoje na infraestrutura do WhatsApp, parece que o Grande Firewall está impondo uma censura que afeta seletivamente as funcionalidades do aplicativo”.

Muito embora o WhatsApp seja incrivelmente popular ao redor do mundo – ele possui 700 milhões de usuários –, ele é um peixe pequeno na China. Ainda assim, o aplicativo é popular entre cidadãos que querem se comunicar com o restante do mundo. Essa poderia ser uma das razões pelas quais o app foi atacado repentinamente. De acordo com uma pesquisa realizada pela Citizen Lab, tem acontecido um esforço concentrado para bloquear determinados meios de comunicação online depois da morte do único ganhador chinês do Prêmio Nobel da Paz, Liu Xiaobo, no dia 13 de julho. A Citizen Lab descobriu que, pela primeira vez, imagens estavam sendo bloqueadas em chats individuais no aplicativo WeChat. O aplicativo local de mensagens desenvolvido pela Tencent possui 768 milhões de usuários. Contas registradas com números de telefones chineses não conseguiam visualizar pelo menos 74 imagens que foram testadas e diversas combinações de palavras-chave também foram bloqueadas.

O Facebook alertou investidores na semana passada durante o anúncio do balanço financeiro que estão se esgotando os espaços para a inserção de anúncios sem que isso afete a experiência positiva do usuários. Depois de atingir dois bilhões de usuários, a rede social também está esgotando seu potencial de crescimento. A China é um dos poucos mercados restantes que ainda podem ser conquistados, mas as autoridades resistem constantemente aos apelos de Mark Zuckerberg. Procuramos um porta-voz do WhatsApp para comentários, e ele disse que “não irá comentar o caso”.

Não é apenas o Facebook que tem problemas com a China. Grandes empresas de tecnologia do ocidente, como Google e Twitter, também foram desativadas no país. O governo chinês tem sido resistente à explosão da internet desde o começo, mas deu determinadas autorizações sabendo que bloquear a internet por completo não era uma opção viável no mundo moderno. Agora, o crescimento do seu próprio setor de tecnologia criou uma espécie de internet paralela que pode ser controlada de dentro. Empresas do país, como a Baidu e Tencent, oferecem serviços de busca, microblog, mensagens e outras alternativas para a maioria dos serviços web mais populares. Eles também não podem dizer “não” à censura chinesa.

Moradores da China sempre utilizaram serviços de VPN para obter acesso irrestrito à internet, mas foram promovidos maiores esforços para bloquear o acesso a esses softwares e removê-los de lojas online nesse ano. Além disso, uma nova lei de cibersegurança muito confusa deixou empresas incertas sobre o que é ou não permitido dentro das redes do país.

Não temos completa certeza do porquê o WhatsApp está sendo derrubado nesse momento, ou se isso se trata de uma ação permanente. No entanto, a China tem dado sinais claros de que tem a sua própria internet agora, e esse é um grande problema para seus cidadãos.

[New York Times e Citizen Lab]

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