O TTP (Tech Transparency Project), responsável por monitorar atividades das big techs, descobriu que o X (antigo Twitter) vendeu contas verificadas para grupos terroristas e pessoas banidas dos EUA. Segundo o grupo, perfis associados ao Hezbollah ganharam privilégios exclusivos de assinantes Premium da rede social, como maior alcance nas publicações.
Em um relatório do TTP, publicado na última quarta-feira (14), a organização identificou 28 perfis que conseguiram o selo azul por meio do plano de verificação paga do dono do X, o bilionário Elon Musk.
Quando o X era Twitter, somente perfis verificados pela própria rede social recebiam o selo azul. Entre as contas selecionadas estavam figuras públicas, como celebridades, políticos, jornalistas e grandes empresários.
Após comprar a plataforma, Musk removeu os selos azuis e passou a cobrar por eles como parte do plano Premium. Ao pagar R$ 84 por mês, qualquer usuário pode se tornar verificado e ganhar recursos exclusivos, como edições de posts, publicação de vídeos longos e maior alcance nos conteúdos.
X tem regras para compra do plano Premium
Há, porém, restrições que impedem a compra do plano Premium do X. As regras da rede social, disponíveis publicamente, dizem o seguinte:
“Você não pode comprar o X Premium se for uma pessoa com quem o X não pode ter negociações nos EUA e quaisquer outras sanções econômicas aplicáveis e leis comerciais de compliance”.
Mesmo com essa regra em vigor, o TTP encontrou diversos perfis com o selo verificado que não deviam poder pagar pelo plano Premium. Algumas dessas pessoas são:
- O líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah;
- A agência de notícias estatal iraniana Press TV;
- Al-Saadi Kadafi, filho do falecido ditador líbio Muamar Kadafi;
- Ansar Allah, o grupo iemenita mais comumente referido como os Houthis.
Essas entidades são sancionadas pelos EUA e, portanto, não deviam poder comprar o plano Premium do X. A Press TV, aliás, tinha o selo dourado de “organização verificada”, que custava cerca de US$ 1 mil, na época da pesquisa do TTP, de acordo com o The Verge.
Segundo o TTP, a maioria das contas recebeu a verificação depois que Musk assumiu a rede social e começou a exigir o pagamento pelo selo. Dez delas, porém, estavam pagando para manter as marcas de verificação antigas que haviam recebido anteriormente pelo Twitter.
Após a publicação do relatório, o X removeu os selos dos 28 perfis, sem comentar publicamente sobre o assunto.