Zumbis Até o Amanhecer: diferentes formas de terror em dois jogos recentes

Por Bruno Izidro O que dá mais medo: uma cidade infestada de zumbis ou ficar isolado em um chalé nas montanhas com um assassino? Se a pergunta me fosse feita alguns dias atrás, a resposta seria rápida. Afinal, zumbis (ainda) não existem e eles já foram tão saturados em todo tipo de mídia que já […]

Por Bruno Izidro

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O que dá mais medo: uma cidade infestada de zumbis ou ficar isolado em um chalé nas montanhas com um assassino? Se a pergunta me fosse feita alguns dias atrás, a resposta seria rápida. Afinal, zumbis (ainda) não existem e eles já foram tão saturados em todo tipo de mídia que já são bem banais, mas ficar preso em um lugar com alguém que quer te matar é assustadoramente real.

Hoje, após jogar os recentemente lançados ZOMBI (PS4, Xbox One e PC) e Until Dawn (PS4), cada um com uma das situações acima, a resposta dependeria do tipo de medo que estamos falando. Não que um seja mais assustador que outro, mas ambos mostram duas formas diferentes de se fazer terror em games.

Apesar de se enquadrarem no gênero de terror, os dois jogos possuem propostas bem diferentes para levar esse aspecto até o jogador. ZOMBI é um jogo onde a sensação de tensão é constante, enquanto Until Dawn se utiliza da atmosfera de filmes de horror para te deixar apreensivo. Mas antes de nos debruçarmos nisso, vamos fazer algumas introduções aqui.

A começar por ZOMBI, que nada mais é do que um relançamento de ZombiU – um dos primeiros jogos do Wii U e que até agora era exclusivo dele. Com as versões de PS4, Xbox One e PC, ele recebeu algumas melhorias no visual e na performance, mesmo que os gráficos já não pareçam lá essas coisas, principalmente em comparação a Until Dawn. Além disso os controles, que faziam bastante uso do Gamepad, foram – obviamente – readaptados.

Until Dawn, apesar de não ser um relançamento, é uma nova versão de um jogo que seria lançado originalmente para PS3. Ele foi mostrado pela primeira vez em 2012 e tinha como maior característica o uso do PS Move (lembra dele?) na interação com os personagens. Foi só em 2014 que a Sony tirou o jogo do limbo, revelando que agora ele sairia para PS4 e, claro, sem usar mais o nada bem-sucedido controle de movimento do PlayStation.

O medo do inevitável

Após mais de uma hora sobrevivendo pelas ruas infestadas de Londres, eu me tornei um zumbi em frente ao Palácio de Buckingham. Foi ali que o meu bastão com um irônico “O Punk Não Morreu” escrito não foi o suficiente para me salvar. Eu sabia que, cedo ou tarde, isso iria acontecer e essa certeza era o que me deixava mais apreensivo com ZOMBI.

Zumbi ZOMBI

Não se engane pensando que o seu objetivo no jogo é matar zumbis. Muito pelo contrário: o intuito é sobreviver e não ser morto por eles. As armas de fogo e balas são escassas, itens como granadas, coquetéis molotov e minas são ainda mais raros. Por isso mesmo, elas estão ali mais como uma opção de defesa do que necessariamente de ataque.

Ainda assim morrer é inevitável em ZOMBI e é daí que surge o sentimento de medo com o jogo. Um medo que te deixa tenso e cauteloso a cada nova exploração pela cidade, não só pelos ambientes claustrofóbicos que você precisa  atravessar até o objetivo (que normalmente é buscar suprimentos ou ajudar alguém que te fará um favor em troca), mas principalmente porque ser morto pelos zumbis significa perder todos os equipamentos coletadas pelo caminho.

Por sorte, uma das mecânicas mais interessantes de ZOMBI (e que tem até um quê de Dark Souls) é passar a controlar outro sobrevivente após uma morte e ele (ou ela) poder voltar até o local e recuperar a sua mochila, mas não sem antes ter que matar o seu eu anterior, que agora é só mais um zumbi.

Não sei dizer se a versão ZombiU já provocava essas reações, mas o relançamento de ZOMBI se mostrou uma oportunidade de reviver aqueles sentimentos que tive ao jogar Resident Evil 2 pela primeira vez. Muito pelo ambiente urbano do jogo, o clima de urgência em chegar logo a “safe house” mais próxima para salvar o jogo e a sensação que um simples zumbi pode colocar todo o seu progresso a perder. O tipo de terror de ZOMBI o faz certamente um dos melhores jogos de zumbis em muito tempo.

O medo cinematográfico

Falar de Until Dawn é, inevitavelmente, falar de filmes de terror, principalmente os chamados Slashers (Sexta-Feira 13, A Hora do Pesadelo, Halloween etc). O jogo tem várias homenagens a esse gênero, a começar pela própria premissa: um grupo de jovens passa o fim de semana em uma cabana isolada numa montanha. Então, é claro que vai dar merda, principalmente pelo fato de que duas amigas do grupo desapareceram no mesmo lugar um ano antes.

O jogo ter uma visual extremamente realista (um dos mais bonitos do PS4, por sinal) também faz com que ele ganhe ainda mais esse aspecto cinematográfico.

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Como os filmes em que é inspirado, o terror em Until Dawn está relacionado ao clima de suspense e sustos. Ainda mais com o jogo forçando situações de isolamento entre os personagens e exploração de ambientes como florestas à noite ou lugares abandonados. Porém, o que mais me chamou a atenção enquanto jogava era que elementos mais relacionados a videogames ajudavam a deixar tudo mais assustador.

Until Dawn utiliza muito do que vimos nos jogos da Quantic Dreams (Heavy Rain, Beyond: Two Souls) e da Telltale (The Walking Dead, The Wolf Among Us) para entregar uma experiência que se encaixou muito bem no gênero de terror. Primeiro, controlamos todos os oito personagens do jogo. Alguns mais, outros menos. Porém trocar de personagem não depende do jogador e sim da história. Além disso, qualquer um desses protagonistas pode morrer a qualquer momento e isso não significa “Game Over”; a história segue mesmo assim.

O detalhe é que quem vive e quem morre é resultado das escolhas feitas no game. Isso porque a jogabilidade de Until Dawn é baseada no Efeito Borboleta (que você pode conhecer mais vendo o filme de mesmo nome estrelado por Ashton Kutcher), que resumidamente é uma teoria cuja premissa afirma que pequenos acontecimentos acabam gerando consequências enormes.

Isso é traduzido para uma mecânica de jogo em que é preciso fazer pequenas decisões durante todo o game, indo desde diferentes opções para responder um personagem até a escolha do caminho a seguir para fugir de algum perigo. Muitas vezes as consequências não são sentidas na hora e só aparecem bem depois.

Pelo menos na primeira vez em que se joga Until Dawn, essa característica é o que gera a maior parte dos momentos tensos. Será que uma atitude minha com um personagem pode fazer ele me deixar para morrer depois em uma situação de perigo? Será que me arrisco a fugir por esse atalho mais perigoso e que pode me matar ou vou pelo caminho mais seguro, mas sem saber o que me espera?

Para uma mídia como videogames, que sempre buscou desesperadamente se utilizar de elementos cinematográficos para causar impacto, parece que foi com o gênero de terror que essa mistura melhor se saiu até agora. Não à toa Until Dawn será o melhor filme de terror que você vai jogar esse ano.

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ZOMBI e sua tensão de sobrevivência; Until Dawn e seu horror cinematográfico. Cada um tem seu jeitinho particular de te dar medo. Claro, nenhum chega a ter o impacto que P.T. provocou no ano passado, mas eles ainda vão deixar as idas ao banheiro à noite bem mais assustadoras.

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ZOMBI está disponível para Xbox One, PS4 e PC por R$ 40. A cópia do jogo foi cedida pela Ubisoft.

Until Dawn está disponível exclusivamente para PS4 por R$ 199. A cópia do jogo foi cedida pela Sony.

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