5 coisas simples que o carro autônomo do Google ainda não consegue fazer

O veículo autônomo do Google já dirigiu mais de um milhão de quilômetros, mas ainda não passaria em um teste para carteira de motorista.

Carros autônomos certamente são o futuro. Eles são um futuro prometido para nós há décadas. Para o Google, que vem divulgando seus avanços na área, isto parece ser algo próximo de virar realidade… mas não é o caso. O veículo autônomo deles já dirigiu mais de um milhão de quilômetros, mas ainda não passaria em um teste para carteira de motorista.

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MIT Technology Review analisou de perto os desafios que os carros do Google sem motorista ainda não conseguem superar. A maioria deles são onipresentes e mundanos, o que serve de alerta: vai demorar algum tempo até que a humanidade possa tirar as mãos do volante.

Ele não foi testado sob chuva

Se nós só tivéssemos que dirigir sob um céu ensolarado, provavelmente não estaríamos tão ansiosos em entregar as chaves do carro para o HAL 9000. Mas a maioria de nós precisa usá-los sob chuva, granizo ou pior.

Você sabe como reagir a mudanças no tempo: se chover, por exemplo, você tem que pegar mais leve no acelerador. Carros autônomos ainda não têm muito domínio disso. Na verdade, o carro do Google ainda não foi testado sob chuva forte nem neve (bastante comum nos EUA). Chris Urmson, do Google, diz ao MIT Technology Review que problemas de segurança vêm impedindo isso.

Ele não consegue lidar com buracos na pista

Os buracos no asfalto são mais que uma inconveniência: essas crateras podem causar um dano enorme nos pneus. Mas Urmson admite que o carro autônomo do Google não reconhece um buraco na estrada, nem detecta se um bueiro estiver aberto – a menos que ele esteja sinalizado com cones de trânsito.

Ele não navega por estradas que o Google ainda não mapeou

Estes carros autônomos ainda não têm a capacidade cerebral para lidar com incertezas imprevisíveis. Eles dependem de informações meticulosamente coletadas por carros (dirigidos por humanos) que analisam previamente o percurso. É como o Google Street View, porém mil vezes mais detalhado.

Segundo o Technology Review, toda vez que o carro autônomo do Google anda por uma rua, “os preparativos complicados foram feitos com antecedência, e a rota exata do carro – incluindo calçadas – foi extensivamente mapeada. Um veículo especial com sensores coleta dados que precisam ser analisados, metro a metro, por computadores e seres humanos. É um esforço muito maior do que o necessário para o Google Maps”.

Infelizmente, o Google mapeou apenas um número minúsculo de vias nos EUA para o uso do carro autônomo. Claro, esse número deve aumentar com o tempo, mas trata-se do mesmo problema visto em carros elétricos: você não pode ir para qualquer lugar. (Em um caso, você precisa de um mapeamento detalhado; no outro, precisa de tomadas na estrada.)

Ele não sabe lidar com obras na via

Ok, então você ainda não pode dirigir em vias molhadas, nem em vias esburacadas, nem em estradas não-escaneadas. Mas há outra limitação: até mesmo estradas normais mudam ao longo do tempo. Isso representa uma lista grande de problemas: obras nas estradas, desvios de pista, rotas de trânsito alternativas, sinais de parada temporária, e todo tipo de mudança inesperada.

Algumas dessas alterações podem ser captadas pelos sensores do carro do Google. Ele é treinado para reconhecer sinais de parada, por exemplo, mesmo se eles estiverem em lugares desconhecidos. Porém mudanças mais complexas, como um sinal “pare” em um cruzamento, fará o carro entrar em seu modo mais lento e mais cauteloso. “Eu poderia criar uma zona de obras que poderia confundir o carro”, diz Urmson.

“O Google diz que seus carros podem identificar quase todos os sinais de parada não mapeados,” segundo o Technology Review, “e permaneceriam seguros se não vissem um sinal, porque os veículos estão sempre de olho no trânsito, nos pedestres e em outros obstáculos.” Ou seja, não se preocupe em passar a placa de pare, porque o carro vai parar se detectar algum problema.

Ou será que vai?

Ele não detecta seres humanos

Este é, sem dúvida, o problema mais incômodo na tecnologia de carros autônomos: ele não é muito bom em detectar humanos que, invariavelmente, surgem ao lado (ou no meio) da pista. “Os pedestres são detectados apenas como movimento, borrões de pixels em forma de coluna – isso significa, e Urmson concorda, que o carro não seria capaz de detectar um policial à beira da estrada acenando freneticamente para o tráfego parar”, escreve o Technology Review.

Isso é má notícia para os pedestres, ciclistas, funcionários de estrada e guardas de trânsito – praticamente qualquer pessoa que possa estar por perto quando um carro autônomo passar. Mas sim, isso vai mudar: na verdade, isso tem que mudar, se os carros autônomos quiserem ganhar as pistas de forma significativa.

Mas ele pode nos deixar mais seguros

Entre 70% e 90% dos acidentes fatais no trânsito são causados por falha humana. Por isso, tirar o volante de pessoas facilmente distraídas vai eliminar boa parte das 33.000 fatalidades por ano nas vias dos EUA. Isso também pode nos ajudar no Brasil, onde as mortes no trânsito aumentaram 40% em dez anos.

E as fabricantes estão preocupadas com isso. A Volvo prometeu há algum tempo que vai acabar completamente com as mortes por colisões em seus carros até 2020. Isso será feito adotando tecnologias autônomas, algo que a fabricante vem fazendo nos últimos anos – veja este carro que encontra vaga e estaciona sozinho, por exemplo.

A Nissan diz que terá um carro completamente autônomo até 2020, enquanto a Hyundai demonstra como funciona seu sistema de “cruise control”, que reage rápido a condições adversas na estrada.

Um dia, os engenheiros vão ensinar os carros autônomos a navegar por todos estes problemas e muito mais. Mas até que estes veículos possam navegar com segurança pelo mundo real – com seus cruzamentos, estacionamentos, dias chuvosos, detritos na estrada e outras distrações inesperadas – nós ainda teremos que dirigir.

Chris Urmson, do Google, quer que os carros autônomos de sua empresa estejam prontos para a estrada quando o filho dele, hoje com 11 anos, tenha idade para tirar carteira (16 anos nos EUA). Mas até que o Google – e todas as outras fabricantes – possam fazer um veículo autônomo que é pelo menos tão capaz quanto o idiota no carro à sua frente na pista, isso é provavelmente um alvo muito otimista. [MIT Technology Review]

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