Por que o Google não deu tanto destaque para o Glass esta semana
Lembra-se do evento I/O do ano passado? Paraquedistas saltando dos céus com o Google Glass e transmitindo tudo em tempo real, e depois outros caras invadindo o evento de bicicleta? Foi divertido! Sem mencionar a grande revelação: como o Google Glass funciona de verdade.
Mas se você conseguiu acompanhar as três horas de evento nesta quarta-feira, você deve ter notado que o Glass estava visivelmente ausente. Por quê?
A resposta é surpreendentemente simples: o Glass não está pronto. Mesmo com todo o hype da mídia – e do próprio Google – ao longo das últimas semanas, ele ainda é um produto beta. Ainda está em desenvolvimento, praticamente indisponível para os consumidores e desenvolvedores. Por mais que nós pensemos nele como um produto, o Glass ainda não é muito mais do que um experimento.
De fato, segundo uma fonte do Google, a empresa agora está focada em resolver os bugs. Ao contrário de outros produtos do Google que caíram no esquecimento ou foram mortos por completo, o Glass não foi incluído na palestra porque, bem, nós ainda não vivemos em um mundo onde ele é relevante para muitos. Há muito acontecendo com o Glass, mas tudo está acontecendo por trás de portas fechadas, onde centenas, talvez mesmo milhares, de desenvolvedores estão tentando descobrir o que fazer com ele.
Nesta quinta, o Google teve quatro sessões dedicadas para desenvolvedores do Glass no I/O, e isso mostra bastante como o Google está abordando esta nova forma de computação vestível. Mesmo antes da Explorer Edition chegar às mãos de quem o comprou ano passado, o Google realizou duas hackathons em Nova York e San Francisco. Nos eventos “Glass Foundry”, desenvolvedores conheceram a Mirror API e o que a empresa tinha feito até aquele ponto.
Durante a primeira sessão, foram anunciados alguns novos apps – além dos já existentes – que o Google chama de Glassware: Twitter, Tumblr, Facebook, Evernote, CNN e Elle.
No Facebook, Twitter e Tumblr, você tem a opção de receber atualizações apenas de certos indivíduos. Dessa forma, você não será inundado com tudo que está acontecendo. Você pode até mesmo fazer upload de uma foto diretamente para o Facebook.
Com o Twitter, se você tem notificações móveis ativadas para determinadas contas, elas serão enviadas para o Glass. Você pode até mesmo enviar e receber DMs.
Se você usa o Evernote, o Glass consegue acessar as notas que você compartilhou a partir de seu desktop.
O app da CNN permite que você escolha os tipos de alerta que você deseja receber, como resultados esportivos ou notícias urgentes, tudo em horários específicos. Ele também lê trechos de notícias em voz alta. Dá até mesmo para assistir vídeos!
E o app da revista Elle permite que leitores naveguem por fotos de uma reportagem na revista, ou ouvir a reportagem ser lida em voz alta. É possível até escolher uma seção específica para folhear, ou marcar textos para leitura posterior.
O Google também mencionou que um novo kit de desenvolvimento do Glass (GDK) seria lançado em breve para facilitar o processo de desenvolvimento, e para acrescentar novas funções, como um modo offline.
Sim, qualquer um desses poderia facilmente ter sido assunto durante a keynote de quarta-feira. Mas o número de pessoas que o Glassware afeta diretamente ainda são poucos milhares. Avanços no Google Maps, busca e Android impactam a vida de bilhões.
Larry Page chegou durante a seção de perguntas e respostas e basicamente se esquivou de perguntas sobre o Glass, mas reiterou que ele se trata de uma “nova categoria” e que ele era “bem diferente” dos dispositivos de computação atuais, e o objetivo era satisfazer os usuários.
O Google está claramente colocando um monte de esforço e dinheiro no desenvolvimento de Glass. Mas a sua ausência durante o keynote não deve preocupar ninguém. No máximo, deve mudar nossa percepção sobre um produto que ainda é mais promessa do que substância. É uma mudança fundamental no DNA do Google, de uma empresa que só ganha dinheiro com anúncios para uma empresa que está realmente pensando sobre o futuro. Claro, o dinheiro dos anúncios é o que os permite trabalhar em projetos como o Glass e carros autômatos, mas é um meio para um fim. E o fim pode ser algo espetacular.