Relatório encontra microplástico em 93% das águas engarrafadas, mas você não precisa surtar agora

Testes com 259 garrafas plásticas de água de nove países revelaram partículas microplásticas na água de 242 das garrafas, segundo um novo artigo. O teste levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a revisar o problema, embora não exista prova concreta de que a presença de microplásticos tornaria a água engarrafada insegura para se tomar. […]

Testes com 259 garrafas plásticas de água de nove países revelaram partículas microplásticas na água de 242 das garrafas, segundo um novo artigo. O teste levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a revisar o problema, embora não exista prova concreta de que a presença de microplásticos tornaria a água engarrafada insegura para se tomar.

• A água alcalina é só uma maneira de fazer um xixi mais caro?
• A química por trás da água de torneira e da água mineral

Tem havido cada vez mais discussões sobre o potencial dano posto pelos microplásticos, partículas minúsculas de plásticos que apareceram nos oceanos e em cadeias alimentares. Mas novos testes, feitos pela organização jornalística sem fins lucrativos Orb Media, descobriu sinais de plástico do tamanho de micrômetros dentro de garrafas de marcas conhecidas como Evian, Aquafina, Dasani e San Pellegrino. Os pesquisadores da Orb analisaram a água usando um corante que gruda no plástico, um método que duas das empresas de água engarrafada dizem ser não confiável.

Segundo a reportagem da Orb Media:

Para partículas de plásticos na faixa de tamanho de 100 mícrons, ou 0,10 milímetros, os testes conduzidos pela Orb na Universidade Estadual de Nova York [Fredonia] revelaram uma média global de 10,4 partículas de plástico por litro. Essas partículas foram confirmadas como plástico usando um microscópio infravermelho padrão na indústria. Os testes também mostraram um número muito maior de partículas ainda menores que os pesquisadores disseram ser provavelmente plástico também. A média global para essas partículas foi de 314,6 por litro.

E o que os microplásticos fazem com o corpo humano? Sinceramente, ainda não sabemos. Temos ciência de que peixes comem o material, e os predadores que comem o peixe defecam o plástico. Quanto aos seus efeitos na saúde de seres humanos, ainda não há muita pesquisa, como vários pesquisadores já disseram à Gizmodo. A Orb Media informa que 90% do plástico é excretado, embora parte dele permaneça dentro do corpo.

“Provavelmente, há várias razões biológicas para se preocupar tendo plástico em sua dieta”, disse Melanie Austen, chefe de ciência do Laboratório Marinho Plymouth, no Reino Unido, em entrevista ao Gizmodo. “Acho que há muita conjectura e ainda não há muita evidência.”

Como as partículas de plástico entram na água, ninguém sabe. Talvez a partir do ar, disse a pesquisadora Abigail Barrows, de um grupo chamado Story of Stuff, em conversa com o jornal inglês The Guardian.

Pelo menos um estudo levantou a hipótese de que os microplásticos poderiam induzir respostas imunes pelo corpo e que as questões poderiam aumentar com a exposição crônica —, mas esse artigo estabelece um caminho de quais tipos de estudos são necessários para entender o problema. “Embora exista potencial para os microplasticos impactarem a saúde humana, avaliar os atuais níveis de exposição e fardos é fundamental”, escrevem os autores no artigo publicado no ano passado na revista científica Environmental Science and Technology.

Do Guardian:

A Nestlé criticou a metodologia do estudo da Orb Media, afirmando em um comunicado à CBC que a técnica que utilizava corante vermelho do rio Nilo poderia “gerar falsos positivos”.

Coca-Cola disse à BBC que tinha métodos de filtração rigorosos, mas reconheceu que a onipresença de plásticos no ambiente significava que fibras de plástico “poderiam ser encontradas em níveis mínimos mesmo em produtos altamente tratados”.

Um porta-voz da Gerolsteiner disse que a empresa também não podia descartar que os plásticos estivessem entrando na água engarrafada a partir de fontes aéreas ou de processos de embalagem. O porta-voz disse que as concentrações de plásticos na água em suas próprias análises foram menores do que as permitidas em produtos farmacêuticos.

A Danone alegou que o estudo da Orb Media usava uma metodologia que era “incerta”.

A American Beverage Association (que representa a indústria de bebidas nos EUA) disse que “defende a segurança”de sua água engarrafada, acrescentando que a ciência em torno dos microplásticos está surgindo só agora.

Dito tudo isso, ninguém quer ouvir que tem plástico na sua água engarrafada. Depois da publicação da reportagem da Orb, a OMS anunciou que iria revisar os riscos de plástico na água como parte de investigações em curso, relata o Guardian.

A questão agora é ver se os cientistas vão encontrar algo em sua própria pesquisa e se as empresas vão fazer alguma mudança. Enquanto isso, se você estiver procurando motivos para deixar de beber água engarrafada, existe um monte.

[Orb Media]

Imagem do topo: Flickr

fique por dentro
das novidades giz Inscreva-se agora para receber em primeira mão todas as notícias sobre tecnologia, ciência e cultura, reviews e comparativos exclusivos de produtos, além de descontos imperdíveis em ofertas exclusivas