Morre aos 77 anos o homem que salvou o mundo do apocalipse nuclear

Em 26 de setembro de 1983, o oficial militar soviético Stanislav Petrov recebeu uma mensagem dizendo que cinco mísseis nucleares haviam sido lançados pelos Estados Unidos e estavam indo em direção a Moscou. Ele, no entanto, não lançou um ataque de retaliação, acreditando, corretamente, se tratar de um falso alarme. E assim salvando o mundo […]

Em 26 de setembro de 1983, o oficial militar soviético Stanislav Petrov recebeu uma mensagem dizendo que cinco mísseis nucleares haviam sido lançados pelos Estados Unidos e estavam indo em direção a Moscou. Ele, no entanto, não lançou um ataque de retaliação, acreditando, corretamente, se tratar de um falso alarme. E assim salvando o mundo de uma guerra nuclear. Agora, relatos afirmam que Petrov morreu em maio passado, aos 77 anos de idade.

Karl Schumacher, um ativista político na Alemanha, foi uma das primeiras pessoas a divulgar a história de Petrov durante o final dos anos 1990. Mas Schumacher supostamente soube da morte de Petrov este mês depois de contatar a casa do militar soviético. O filho de Petrov, Dmitry, informou que o homem que salvou o mundo há tantos anos havia morrido em 19 de maio de 2017. Schumacher confirmou a morte de Petrov ao Gizmodo nesta manhã.

O tenente-coronel Stanislav Petrov tinha 44 anos e trabalhava em um bunker de detecção de mísseis ao sul de Moscou em 26 de setembro de 1983. Seu computador lhe disse que cinco mísseis nucleares estavam a caminho, e dado o seu tempo de voo, ele tinha apenas 20 minutos para lançar um contra-ataque. Mas Petrov disse aos seus oficiais superiores que era um falso alarme. Ele não tinha absolutamente nenhuma evidência real de que esse era o caso, mas provavelmente salvou milhões de vidas.

“A sirene uivava, mas eu apenas fiquei lá por alguns segundos, olhando para a grande tela vermelha com a palavra ‘lançamento’ escrita nela”, disse Petrov ao Russian Service  da BBC lá em 2013.

“Eu tinha todos os dados [para sugerir que havia um ataque de mísseis em andamento]. Se eu tivesse enviado o meu relatório até a cadeia de comando, ninguém teria dito uma palavra contra“, disse Petrov.

“Não havia nenhuma regra sobre quanto tempo nós estávamos autorizados a pensar antes de relatar um ataque. Mas sabíamos que cada segundo de procrastinação nos tiraria um tempo valioso; que a liderança militar e política da União Soviética precisava ser informados sem demora”, disse ele à BBC.

“Tudo o que eu tinha que fazer era ir até o telefone; para usar a linha direta com nossos principais comandantes, mas eu não conseguia me mover. Eu me senti como se estivesse sentado em uma frigideira quente “, disse Petrov.

Talvez um dado importante, Petrov observou que ele era o único oficial por perto esse dia que havia recebido uma educação civil. Todos os demais eram soldados profissionais e acreditava que eles teriam simplesmente relatado o ataque direto. Os homens ao seu redor foram “ensinados a dar e obedecer ordens”. Felizmente, Petrov desobedeceu o que simplesmente não parecia certo para ele.

Petrov pensou que se os americanos fossem lançar um primeiro ataque, eles enviariam mais de cinco mísseis, apesar do fato de que eles ainda poderia causar uma enorme quantidade de dano. Ele também acreditava que já que o sistema de alerta era relativamente novo, parecia provável que ele pudesse estar enviando um alarme falso.

Se Petrov estivesse errado, ele teria comprometido a capacidade da União Soviética de retaliar contra um ataque nuclear. Mas se ele estivesse certo, a III Guerra Mundial seria evitada. Felizmente, ele estava certo. E, infelizmente, ele não foi o primeiro nem o último a chegar tão perto do fim do mundo. A Guerra Fria viu falsos alarmes de mais, iniciados de várias formas, de uma simulação de computador em 1979 até um exercício militar da NATO em 1983, apenas dois meses após o falso alarme de Petrov. E também houve a crise dos mísseis cubanos de 1962 e o capitão que ignorou suas ordens diretas.

É realmente surpreendente que o mundo tenha sobrevivido à Guerra Fria. E vai ser ainda mais surpreendente se sobreviver à crise dos mísseis atual que está esquentando a península coreana.

Descanse em paz, Stanislav Petrov. Você pode não ter conseguido o reconhecimento que merecia em vida, mas esperamos que você seja lembrado em morte. Aqueles de nós que vivem no século 21 tem uma tremenda dívida com você. E o melhor que a maioria de nós pode fazer é esperar que as potências nucleares do mundo aprendam alguma coisa com o seu heroísmo.

[RT]

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