Chegamos ao pico da produção de alimentos?

A taxa de crescimento da produção de alimentos pode estar desacelerando. Isto quer dizer que já esgotamos todas as possibilidades imediatas de aumentar a produção.

Ou melhor: o que faremos se estivermos no pico da produção de alimentos? O mundo atingiu os picos das produções de trigo em 2004, de ovos em 1993 e de leite por volta de 1989 — tudo de acordo com um estudo publicado recentemente na Ecology and Society, que leva à preocupante conclusão que nós podemos ficar sem comida.

O estudo analisou como a produção de 27 recursos renováveis e não renováveis mudou ao longo dos últimos 50 anos. Mais de uma dúzia de recursos estão relacionados aos alimentos e todos eles — com exceção de peixes criados em aquíferos — chegaram aos seus picos no passado. “Pico” aqui quer dizer o momento em que o crescimento da produção parou de acelerar. A produção mundial de, digamos, soja, pode continuar a crescer, mas a taxa de crescimento diminuiu.

O que estes números querem dizer é que já esgotamos todas as soluções fáceis para o cultivo de mais alimentos no mundo. Nós já cultivamos todas as terras férteis. Nós já criamos pesticidas e fertilizantes poderosos. Nós já fizemos as culturas geneticamente modificadas. O que podemos fazer agora?

Os autores sugerem que, até agora, as plantações têm crescido pela conversão de florestas e pradarias em terras agrícolas — uma solução obviamente insustentável. “Limites na produção não podem ser resolvidos se não houver inovação disruptiva,” eles escrevem. Esta “inovação disruptiva” seria provavelmente através novos tipos cultivo. Os cientistas já estão tentando domesticar novas culturas, como o potato bean e o Kernza, que podem prosperar em nosso futuro mundo mais quente e mais seco.

O que talvez seja ainda mais intrigante é que os cientistas também estão tentando usar engenharia genética nas nossas plantações existentes para torná-las mais eficientes. Por exemplo, cerca de 3% das plantas têm um processo mais eficiente de fixação de carbono, chamado C4. As plantas C4 são principalmente aquelas adaptadas a viver no deserto, um lugar de poucos recursos, então este grupo inclui muitos cactos, mas também o milho. Eles precisam de menos água e fertilizante para crescer. “Um dos os grandes desafios da agricultura é pegar uma planta C3, como arroz ou trigo, e transformá-la em uma planta C4,” disse a botânica-chefe do Museu de História Natural, Sandra Knapp, em uma entrevista na BBC.

Mas os autores deste estudo estão, na verdade, otimistas sobre estas soluções tecnológicas e por enquanto apenas teóricas para a questão da produção de alimentos. Pode ser, entretanto, porque existe uma solução simples bem diante de nós: parar de desperdiçar comida. Jonathan Foley conta à Smithsonian que 30% a 40% dos alimentos produzidos para os seres humanos acabam sem ser comidos. Podemos nos preocupar com o futuro, mas devemos corrigir os problemas do presente. [Ecology and Society via Smithsonian]

Image credit: boyan1971/shutterstock

fique por dentro
das novidades giz Inscreva-se agora para receber em primeira mão todas as notícias sobre tecnologia, ciência e cultura, reviews e comparativos exclusivos de produtos, além de descontos imperdíveis em ofertas exclusivas