Resultados divulgados nesta quarta-feira (30) apontam que o fármaco experimental Lecanemab tem “potencial” para tratar a doença de Alzheimer. A conclusão vem do ensaio clínico de fase 3, publicado na revista New England Journal of Medicine.
Na última etapa, o lecanameb foi associado a mais depuração das proteínas amilóides e menor declínio cognitivo. Mas ainda há preocupações sobre a segurança do medicamento e sua relação com efeitos colaterais graves.
“Em pessoas com Alzheimer precoce, o lecanemab reduziu os níveis de amilóide cerebral e mostrou menor declínio nas medidas clínicas de cognição e função do que o placebo aos 18 meses, mas apresentou eventos adversos”, escreveram os pesquisadores.
Varreduras cerebrais indicaram que 17% dos participantes mostraram risco de ter hemorragias e 13% de inchaço no cérebro após o tratamento. No geral, 7% dos participantes precisaram suspender o uso do medicamento por causa dos efeitos colaterais.
O estudo incluiu 1.795 voluntários com estágio inicial da doença. As infusões eram dadas a cada 15 dias. Segundo a pesquisa, o Alzheimer continuou avançando mesmo com o medicamento, mas o declínio foi mais devagar: reduziu quase um quarto ao longo de 18 meses de tratamento.
Agora, reguladores dos EUA avaliam os dados e, em breve, decidem pela aprovação, ou não, do lecanemab. As farmacêuticas Eisai e Biogen, que desenvolvem o medicamento, planejam iniciar o processo de aprovação em outros países já em 2023.
O que acontece a partir de agora
Se comprovar efetividade, o lenacemab deve abrir caminho para uma nova era de medicamentos para tratar o Alzheimer, a forma mais comum de demência. Por enquanto, os cientistas verificaram que a droga funciona nos estágios iniciais da doença – o que contém o avanço se usado logo após a detecção.
O tratamento atual para a doença inclui medicamentos que controlam os sintomas, mas nenhum que interfere em seu avanço. A grosso modo, o medicamento combate o acúmulo de proteínas amilóides que formam uma espécie de gosma que se acumula no cérebro das pessoas com Alzheimer.
Trata-se de um anticorpo projetado para fazer com que o corpo “limpe” essas proteínas. Elas se aglomeram nos espaços entre os neurônios e o cérebro, formando placas.
À BBC, o Centro de Pesquisa em Alzheimer do Reino Unido classificou as descobertas como “importantes”. John Hardy, um dos principais pesquisadores do assunto no mundo, disse que o estudo é “histórico” e se disse “otimista” com o avanço das terapias da doença.
Em todo o mundo, mais de 55 milhões de pessoas convivem com a doença de Alzheimer. A organização Alzheimer’s Disease International estima que o número passará dos 139 milhões até 2050.