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30 anos sem Kurt Cobain: as 10 músicas do Nirvana preferidas dele

Foram três álbuns, uma coletânea, lados B e extras em seis anos. De todo o material com o Nirvana, Kurt Cobain tinha seus filhotes favoritos. Confira!

No próximo dia 5/4, serão 30 anos da morte de Kurt Cobain (1967-1994), o líder do Nirvana. Desde ontem estamos relembrando curiosidades da vida de um dos últimos ícones do rock. O Nirvana lançou discos de 1988 a 1993 enquanto Kurt viveu. E ele tinha seus xodós de compositor. Não tratava todas as músicas como filhos iguais.

Basta lembrar o quanto ele passou a detestar seu maior triunfo comercial, “Smells Like Teen Spirit”, só porque obteve sucesso demais e “estragou” sua vida pacata de roqueiro independente.

Até “Smells Like Teen Spirit” virar um hino do rock que tocava sem parar em 1991/92, era uma das músicas que Kurt mais gostava. Tanto que escolheu a faixa para abrir “Nevermind” e ser o primeiro videoclipe extraído do álbum – o primeiro do Nirvana por uma grande gravadora.

“Só vou tocar esta música porque o contrato exige. É a música que destruiu o Nirvana e destruiu Seattle”, proferiu Cobain no último show em sua cidade-sede Seattle em janeiro de 1994, menos de três meses antes de se suicidar em 5 de abril.

Na visão dele, o sucesso estrondoso do Nirvana a partir dessa canção tinha mudado a vida dele para pior e criado um monstro chamado grunge que passou a simbolizar a cidade com bandas como Pearl Jam, Soundgarden, Screaming Trees, Stone Temple Pilots, Alice in Chains, Mudhoney…

Kurt também chegou a ficar encafifado com “Polly”, também do LP “Nevermind”, a balada folk de crime em que a narração é feita pelo sequestrador de uma adolescente – um recurso literário para expor a frieza do criminoso e o sofrimento que ele inflige a uma mulher.

A ideia de Cobain era pró-feminista. Mas ele soube que grupos de adolescentes vinham praticando estupros coletivos em festinhas cantando o refrão de “Polly”.

Ele ficou abalado com a interpretação diferente do que a dele. Mas não chegou a desgostar da música e a incluiu na apresentação no programa “MTV Unplugged” em 1993.

Mas outras músicas não enfrentaram tais dilemas e podem ser consideradas as prediletas do autor Kurt Cobain.

1- “Drain You”

Kurt manifestou sua preferência por “Drain You”, do álbum “Nevermind”. “Adoro a letra e nunca me canso de tocá-la. Talvez se ela tivesse feito tanto sucesso quanto ‘Teen Spirit’eu não gostasse tanto assim dela”, disse Cobain à revista americana “Rolling Stone” em 1993. A música foi composta no estúdio durante as gravações de “Nevermind” e tem a letra mais sensual de todo o repertório do Nirvana. Além de um não-solo muito expressivo.

O clipe é da apresentação do Nirvana no programa na TV francesa “Nulle Part Ailleurs” em 1994. Nesta fase, o Nirvana tinha Pat Smear como segundo guitarrista oficial, transformando o trio em quarteto.

2- “Aneurysm”

Lado B do single “Smells Like Teen Spirit” em 1991, era a música que Kurt mais gostava de tocar em shows. Foi inspirada pelo namoro cheio de encrencas com Tobi Vail, baterista da banda feminista Bikini Kill. Quando a música foi lançada, Cobain já estava de romance com a futura esposa Courtney Love, vocalista da banda Hole.

Entre várias versões disponíveis, o clipe acima é do show no Reading Festival na Inglaterra em 1992.

3- “Silver”

Outra que o músico adorava, muito por causa da visão de infância que a letra continha (o narrador vai se desesperando progressivamente porque não gosta de ficar na casa dos avós para que os pais fossem passear).

Lançada em single em 1991, foi incluída no ano seguinte na coletânea “Incesticide”. Para a ocasião, Kurt incluiu no videoclipe oficial a participação da filha Frances Bean, então com poucos meses de vida.

4- “All Apologies”

Cobain já estava rascunhando “All Apologies” na época de “Nevermind”, mas percebeu que a canção estava longe de estar pronta para gravar. Dois anos depois, ela já estava refinada e brilhante para ser um ponto alto do álbum “In Utero”. Um dos exemplos da persistência de Kurt para concluir uma música da qual gostava e na qual botava confiança de que iria ficar boa. O clipe é da apresentação no “MTV Unplugged”.

5- “Pennyroyal Tea”

Uma música tensa e poética inspirada por um chá abortivo. O poder de “Pennyroyal Tea” foi demonstrado até na versão solo com apenas a voz e o violão de Kurt no “MTV Unplugged”. Mas o clipe acima traz a banda inteira (como no disco “In Utero”) em outro programa da MTV, o show “Live and Loud”, gravado em Seattle em 1993.

6- “In Bloom”

Um rock animado que levou Kurt a fazer o clipe mais divertido da carreira do Nirvana, com o trio se vestindo como se estivesse num programa musical dos anos 1960. O amigo que gosta de cantarolar e dar uns tiros, como diz a letra, é Dylan Carlson – que em março de 1994 obteria para Cobain a arma com que ele se mataria dias depois.

7- “Heart-Shaped Box”

Além de “All Apologies”, esta era a outra faixa de “In Utero” que Kurt julgava poderosa e digna de virar single e videoclipe. E foi um senhor videoclipe, dirigido pelo conceituado diretor e fotógrafo Anton Corbijn.

A música é claramente inspirada pela esposa Courtney Love, que chegou a dizer que a “caixa em formato de coração” do título era sua própria vagina.

8- “Come As You Are”

A célebre música em que Kurt mente (“E eu juro que não tenho uma arma”) foi o segundo grande sucesso do álbum “Nevermind”, na sequência de “Smells Like Teen Spirit”. Mas desta faixa o músico não pegou ojeriza. E fez até versão acústica no “MTV Unplugged” em 1993.

9- “About A Girl”

A composição em que Kurt brincou de ser Beatles quando todo o repertório do Nirvana ainda era pesadão e menos melódico do que viria a ser. Saiu no álbum de estreia “Bleach” em 1988 e marcou presença nos shows até a banda acabar. Até foi escolhida para ser a abertura do “MTV Unplugged”em 1993.

É uma declaração de amor a Tracy Marander, namorada de Kurt em 1988. O baixista Krist Novoselic disse que Kurt compôs “About a Girl” depois de passar a noite inteira ouvindo repetidamente o LP “Meet The Beatles”, o disco que deu início à Beatlemania nos EUA em 1964.

10- “Sappy”

Pouca gente ouviu ou conhece “Sappy” (também conhecida como “Verse Chorus Verse”), mas Kurt tinha tanto apreço por esta composição que passou mais de três anos tentando deixá-la bem gravada para entrar em um disco.

Gravada mais uma vez nas sessões de “In Utero”, “Sappy” não entrou no álbum mas foi finalmente desovada como faixa secreta de “No Alternative”, CD beneficente com vários artistas, lançado em 1993. Depois, a música entraria na caixa “With the Lights Out” e em edições comemorativas ampliadas de “In Utero”.

Como bônus, uma versão ao vivo de “Sappy” em 1990, época em que foi composta.

 

Marcelo Orozco

Marcelo Orozco

Jornalista que adora música, cultura pop, livros e futebol. Passou por Notícias Populares, TV Globo, Conrad Editora, UOL e revista VIP. Colaborou com outros veículos impressos e da web. Publicou o livro "Kurt Cobain: Fragmentos de uma Autobiografia" (Conrad, 2002).

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